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Discurso de Obama é visto como "inconsequente" por palestinos

O discurso do presidente dos Estados Unidos Barack Obama "não leva a lado nenhum", disse nesta sexta-feira (20) Nabil Chaath, membro da equipe de negociações palestina.

Para Chaath, Obama só emitiu uma declaração a favor dos palestinos, quando diz que é do direito do povo árabe ter um Estado independente estabelecido dentro das fronteiras de 1967, mas não há nenhuma perspectiva de que trabalhe a favor disso.

Chaath não teceu comentários sobre a imposição que consta no discurso de Obama, de estabelecer um estado desmilitarizado ao lado de um estado agressor e profundamente militarista.

Ao mesmo tempo, o líder da Liga Árabe, Amr Moussa, afirmou que pedirá a Obama que "persista" em seu apoio a um Estado palestino desmilitarizado baseado nas fronteiras de 1967.

"A questão palestina está no cerne da instabilidade no Oriente Médio", disse Moussa, solicitando aos EUA que ajam "nas próximas semanas e nos próximos meses para estabelecer um Estado palestino baseado nas fronteiras de 1967, tendo Jerusalém Oriental como sua capital".

Para ele, o apoio de Obama à solicitação dos palestinos sobre as fronteiras de um futuro Estado com Israel marca uma mudança de política, mas não proporciona medidas claras para um acordo de paz.

"Os interesses dos EUA estão interconectados com as profundas transformações que a região testemunha", disse Moussa, descrevendo a mudança tática como uma oportunidade para os EUA adotarem "políticas novas e equilibradas".

Israel continua mais favorecido

Em entrevista feita para o Terra Magazine, o doutor em direito internacional Salem Nasser, professor da Fundação Getúlio Vargas e especialista em Oriente Médio, declarou que o discurso de Obama continua favorecendo Israel.

"Em principio, essa abertura favorece Israel, na medida em que este (Estado) multiplica os assentamentos, criando fatos consumados, e em que é a parte mais forte nas negociações", afirmou.

"Obama disse igualmente que neste momento não é preciso falar nas questões centrais, Jerusalém e refugiados, enquanto Israel, com cujos interesses não deixou de assegurar o seu compromisso, é, na verdade, quem se recusa a transigir nesses temas. Também disse que reconhecia o direito de cada Estado de poder defender-se por si só, mas que, no caso, só Israel teria esse direito, já que o Estado palestino deve ser desarmado", continua.

Na opinião de Nasser, "quando Obama diz que Israel é ou será o Estado judeu para o povo judeu, parece concordar com as demandas e políticas da direita israelense que tendem a tornar cidadãos inferiores – os não judeus – em sua própria terra natal e ancestral", conclui.

Com agências