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Governo iemenita fala de "guerra civil" em meio a manifestações

O presidente do Iêmen, Ali Abdulá Salé, lançou nesta quarta-feira (27) uma advertência sobre o perigo de uma guerra civil no país, acusando a oposição de "provocar os conflitos" entre manifestantes e simpatizantes da ditadura, que somente na terça-feira causaram a morte de mais de 30 pessoas.

"O que aconteceu foi uma provocação, para nos arrastar para uma guerra civil, isso é obra dos Filhos de Ahmar" (um dos clãs locais), assinalou o ditador, em alusão aos membros da influente tribo hashed, liderada por Sadiq Al-Ahmar, que se uniu às revoltas anti-governamentais.

Salé fez referência aos enfrentamentos entre guarda-costas de al-Ahmar e as forças de repressão do regime, que deram lugar a incidentes violentos que resultaram em vários mortos. Meios locais afirmam que 38 pessoas morreram nos conflitos.

Médicos afirmaram que 24 membros do clã morreram nos distúrbios de ontem, enquanto o governo reconhecia que 14 soldados teriam morrido, 30 estavam feridos e 2 ainda estavam desaparecidos.

Os enfrentamentos prosseguiram nesta quarta-feira e causaram pelo menos 17 pessoas feridas, quando o exército tentou desalojar membros do clã do controle de vários edifícios ministeriais, como o prédio do Ministério do Interior e a sede da empresa aérea nacional, a Yemenia.

Fontes oficiais culparam o clã al-Ahmar de atacar, desde a segunda-feira, um colégio e a sede da agência estatal de notícias SABA, depois que o chefe de Estado recusou um plano do Conselho de Cooperação do Golfo Pérsico (CCG), que contemplava sua renúncia no prazo de um mês.

Os arredores do Ministério do Interior continuam ocupados pelos membros do clã e Salé jogou sobre eles a responsabilidade pelo "derramamento de sangue de civis inocentes", ao mesmo tempo que dize que as autoridades não desejavam aumentar os confrontos armados na capital.

Salé também afirmou que o Iêmen não será "um Estado fracassado ou uma outra Somália, enm um paraíso seguro para a al-Qaida, (porque) o povo continua animado por uma mudança pacífica de poder", assegurando também que, por ele, segue disposto a assinar o até agora malogrado pacto do CCG.

De acordo com Salé, quando deixar o poder graças à assinatura do acordo feito pelas seis nações árabes do Golfo Pérsico, prevê continuar no país como um "ativista" da oposição, descartando assim um exílio como parte de uma oferta de imunidade judicial.

Apesar de anunciar que retirava a mediação após a objeção do presidente iemenita no último domingo, o secretário-geral do CCG, Abdullatif Al-Zayani, indicou nesta quarta que está disposto a regressar à capital do Iêmen, Sanaa, para que Salé assine o documento "o mais rápido possível".

Líderes de organizações políticas aglutinadas no Encontro Comum e do partido governante Congresso Geral Popular haviam avaliado, no sábado, o plano elaborado com a assessoria dos Estados Unidos e da União Europeia, mas faltava a decisão final do mandatário iemenita.

Fonte: Prensa Latina