Governo suspende kit anti-homofobia do MEC
A Frente Parlamentar em Defesa da Família ganhou a queda de braço com o governo sobre o kit Escola sem Homofobia, também chamado de kit anti-homofobia. A informação foi dada pelo deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) no meio da manhã desta quarta-feira (25).
Publicado 25/05/2011 16:14
A suspensão do kit foi confirmada pelo ministro da Secretaria-Geral da República, Gilberto Carvalho, no começo da tarde. Segundo Carvalho, o governo "achou que seria prudente não editar esse material que estava sendo preparado no MEC – e a presidente decidiu a supensão desse material, assim como o vídeo que estava sendo preparado por uma ONG".
Ele afirmou também que, a partir de agora, todo material sobre costumes "será feito a partir de uma consulta mais ampla à sociedade". Ao conseguir a suspensão do kit anti-homofobia, as bancadas evangélica e católica deixaram de pedir a convocação de Palocci e recuaram na abertura de uma CPI da educação. Para Gilberto Carvalho, se as bancadas decidiram não fazer os pedidos, a mudança de atitude não tem relação com o recuo do governo sobre a questão do kit.
O kit é composto de três tipos de materiais: o caderno do educador, seis boletins para os estudantes e cinco vídeos, dos quais três já estão em circulação na internet. Os boletins deveriam trazer orientações sobre como lidar com colegas LGBT abordando assuntos relacionados à sexualidade, diversidade sexual e homofobia. O material seria destinado a alunos do ensino médio, ou seja, com idade mínima de 14 anos.
Para o professor português Antônio Nóvoa, o melhor local para discussão do tema não é a sala de aula. “Trata-se de um diálogo educativo que vai muito além desta”, afirma. “Mas, como a comunidade não tem condições ainda de arcar com essa responsabilidade, a solução é deixar a escola assumir parte do trabalho”.
Reação
Após a notícia da suspensão do kit, o deputado federal Jean Wyllys (PSol – RJ) divulgou nota em tom duro, na qual se dirige à presidente Dilma Rousseff, criticando a decisão do governo. "Onde está a 'defesa intransigente dos Direitos Humanos' que a senhora prometeu quando levou sua mensagem ao Congresso?", questionou.
Segundo o parlamentar, que é assumidamente homossexual, "apesar das inúmeras informações corretas sobre o kit anti-homofobia divulgadas inclusive por mim, há quem insista em mentiras e equívocos", disse.
No texto, Wyllys fez referência ao assassinato de mais de 200 homossexuais por ano e cobra do governo mais sensibilidade diante de um dado como este. Ele destaca que a presidente "sentiu na pele", durante a campanha, o que é ser "difamada e insultada por discursos de ódio, alimentados por interesses espúrios".
"Tenho esperança de que a presidente volte atrás, afinal, votei nela porque acreditava que só uma mulher poderia estender a cidadania aos LGBTs e às mulheres em geral", declarou o parlamentar.
Com agências