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João Ananias: Somos iguais

Numa sociedade onde o “Ter” é mais importante do que o “Ser”, existe uma tendência a estratificação dos valores, o que leva a valorização de determinadas funções em detrimento de outras. De uma forma tão radical que às vezes esquecemos a nossa igualdade e passamos a alimentar a indústria de líderes e heróis.

Por João Ananias*

A nossa história está cheia de exemplos que mostram como “grandes personalidades” influenciam ao longo do tempo a subjetividade e as práticas de imensos contingentes populacionais.

Essa semana, apresentei na Câmara Federal, um Projeto de Lei que estabelece restrições à participação de jogadores e de membros de comissões técnicas de seleções brasileiras em qualquer modalidade esportiva e em qualquer categoria em propagandas de bebidas alcoólicas, bem como, vedar o patrocínio ou qualquer outra forma de financiamento por parte da indústria de bebidas alcoólicas às seleções brasileiras.

O poder que a propaganda direta ou subliminar tem para aumentar o consumo dos bens divulgados é do conhecimento de todos e está registrado nos estudos científicos e confirmado nos laboratórios da prática. O exemplo muito discreto e singular dessa influencia da propaganda é atestado pelo laboratório que se faz num espetáculo de circo. Quando nessa forma de expressão artística os palhaços aparecem consumindo pipocas o apelo das crianças motivado por esse tipo de propaganda, multiplica as vendas do pipoqueiro em percentuais verdadeiramente astronômicos.

Nosso objetivo com essa iniciativa é tão somente contribuir com a saúde da população, é mostrar que podemos organizar e participar da Copa do Mundo, das Olimpíadas, da Copa das Confederações, sem com isso, lotar os corredores das emergências, UTI’s do País, sem movimentar as cadeias públicas e cemitérios. E o mais importante: podemos ser iguais aos nossos heróis se mantivermos nossa sanidade física e intelectual.

*João Ananias é médico e deputado federal pelo PCdoB do Ceará