João Ananias propõe mudança na propaganda de bebidas alcoólicas
As estatísticas são alarmantes. 35% dos adolescentes fazem uso de bebidas alcoólicas pelo menos uma vez ao ano. 61% das pessoas envolvidas em acidentes havia ingerido bebida alcoólica. Também está comprovado que os acidentes de trânsito com mortes acontecem nos fins de semana à noite.
Publicado 01/06/2011 10:54 | Editado 04/03/2020 16:31
Preocupado com essa problemática, o deputado federal João Ananias (PCdoB) apresentou Projeto de Lei que propõe alteração na Lei Nº 9.294 de 15 de julho de 1996, que no seu artigo 1º dispõe sobre as restrições ao uso das propagandas de bebidas alcoólicas, medicamentos e outros. Confira a íntegra do pronunciamento feito no Plenário da Câmara:
Propusemos no nosso Projeto de Lei, que o limite seja a partir de 0,5% Gay Lussac, como propõe a Organização Mundial de Saúde (OMS), assim poderemos estabelecer maiores restrições à propaganda de bebidas que corre solta em nosso País.
Procuramos também corrigir distorções que consideramos inaceitáveis, como o fato de atletas de seleções brasileiras e os próprios técnicos, fazendo propaganda de bebidas alcoólicas em canais abertos de TV e emissoras de rádio, a qualquer hora do dia.
Um exemplo na atualidade, pode ser visto diariamente, o Sr. Mano Menezes, técnico da Seleção Brasileira de Futebol, propagando uma marca de cerveja, “Ei, fique de olho em quem faz bonito aqui e lá fora. Eu escalei a Kaiser.” Claro que pela Legislação atual é permitido, porém, temos uma pergunta a fazer: é ético atletas e técnicos que se transformam em ídolos principalmente para a juventude, e por isso influenciam de sobremaneira nossos jovens, nos costumes e hábitos do dia-a-dia, permanecerem a propagar bebidas alcoólicas?
Um exemplo dessa influência também patente para todos é o modelo do cabelo do Neimar, tipo “moicano”, que tem por conta disso uma legião de adolescentes e jovens por todo o Brasil copiando o estilo.
Também propusemos a vedação ao patrocínio ou qualquer forma de financiamento por parte da indústria de bebidas alcoólicas, as seleções brasileiras em qualquer modalidade esportiva, por entender que não é ético ou justo, que nossas seleções com as cores de nosso maior símbolo pátrio, a Bandeira Nacional, sejam patrocinadas pela indústria de bebidas alcoólicas.
Vivemos um momento profundamente preocupante, em função da adesão cada vez mais precoce e numa dimensão exorbitante de jovens às bebidas alcoólicas, que estão associadas à violência física, de gênero, no trânsito com milhares de vitimas fatais ou seqüelas, além de conseqüências sociais outras, não menos importantes para a saúde pública, como doenças graves que estão associadas ao consumo abusivo de álcool.
Não é justo, tampouco, ético, que diante de estatísticas alarmantes, tais como: 35% dos adolescentes menores de idade fazem uso de bebidas alcoólicas pelo menos 1 vez ao ano e 24% deles pelo menos uma vez ao mês; 61% das pessoas envolvidas em acidentes de trânsito havia ingerido bebida alcoólica, constatado em pesquisa em Curitiba, Salvador, Recife e em Brasília,onde esse percentual sobe para 77,4%. Também se constatam que os acidentes fatais ocorrem nos finais de semana, principalmente nas noites de sábado. Que continuemos a permitir que a propaganda de bebidas alcoólicas seja feita por quem se transformou em ícone junto ao nosso povo, pela paixão que cultivamos pelo esporte, principalmente o futebol.
Diante da crise de financiamento da saúde pública no País, e pela corresponsabilidade direta que a indústria de bebidas alcoólicas tem com a lotação das emergências e dos leitos de UTI, decorrentes dos acidentes e outras “causas externas”, em vez de financiarem seleções ou bancarem milhões em propagandas, deveriam sim financiar parte dos gastos com o SUS.
Precisamos somar com o Ministério da Saúde e com o próprio Governo da Presidenta Dilma em políticas de redução de danos ocasionados pelo uso abusivo de álcool e acho que esse meu projeto de lei aponta para esta direção, por conta disso peço o apoio dos demais deputados, no sentido de agilizarmos a aprovação do mesmo.
Era só Sr. Presidente.
Peço que meu pronunciamento passe a constar nos anais dessa Casa.