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Gestão comunista deve focar vida do povo, diz Alice Portugal

Em sua terceira legislatura no Congresso Nacional, a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) integra o destacado grupo de parlamentares comunistas que deverão disputar as eleições municipais de 2012. Durante a última reunião do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, a pré-candidatura de Alice Portugal, para a Prefeitura de Salvador, foi definida como uma das prioridades do partido para o próximo ano.

Por Mariana Viel

Alice Portugal 1 - Américo Barros

A parlamentar, que também atuou por dois mandatos na Assembleia Estadual da Bahia, afirma que a indicação da Direção Nacional do PCdoB é motivo pessoal de grande satisfação. Em entrevista ao Vermelho, ela prometeu elevar o nível do debate em torno das necessidades da população soteropolitana e transformar sua pré-candidatura em realidade. A deputada comunista reforça ainda que o país vive atualmente um importante momento para o protagonismo político das mulheres.

“É um momento em que as mulheres se colocam na cena política com uma identidade pró-ativa e o PCdoB é um partido que se destaca dentro desse novo contexto de protagonismo das mulheres. Temos, proporcionalmente, a maior bancada federal de mulheres. Sem dúvida alguma, a apresentação de uma mulher comunista para disputar as eleições de uma cidade do porte de Salvador é mais um grande desafio do PCdoB”.

Segundo Alice, com cerca de três milhões de habitantes, a capital baiana enfrenta graves problemas de mobilidade urbana, analfabetismo desemprego e capacitação de mão de obra. Ela explica que entre os grandes diferenciais que uma administração comunista poderia trazer para Salvador estão a redução das desigualdades sociais e o olhar atento para as necessidades da população. “Um partido oriundo do mundo do trabalho, com quase 90 anos de existência, e que tem sua digital impressa nas mais importantes lutas do povo tem que pegar as questões da vida das pessoas como elemento número um”.

Ao longo dos próximos meses, a deputada deverá iniciar um fórum de debate com partidos aliados que compõem o bloco parlamentar no Congresso Nacional, visando a construção de alianças e apoios que possam colaborar no desenvolvimento de um amplo projeto para Salvador. “A primeira coisa que trago de herança do trabalho no Congresso é a capacidade de convivência com as diferenças e a ampliação na formação de chapas e governos. Essa capacidade de articulação é muito importante porque ninguém governa sozinho”.

Vermelho: A última reunião do Comitê Central do PCdoB, realizada nos dias 4 e 5 de junho, definiu a sua candidatura à Prefeitura de Salvador como uma das prioridades do partido. Qual é o caminho para a efetivação dessa candidatura em 2012?
Alice Portugal: É um motivo de grande honra e satisfação, que o Comitê Central — sob a luz do trabalho do nosso partido no estado da Bahia — tenha nos incluído na lista das candidaturas a serem estimuladas nesse processo de renovação dos executivos municipais. Dentro do espírito que o PCdoB definiu no 7º Encontro Nacional Sobre Questões de Partido, está a construção de um partido do tamanho de nossas ideias. Essa construção de candidaturas nas capitais se encaixa perfeitamente nesta intenção. É com esse espírito que estamos desenvolvendo essa pré-candidatura, que teve uma ampla repercussão na imprensa do estado da Bahia. Temos tido a responsabilidade e a serenidade de nos colocarmos como uma candidatura da base aliada da presidente Dilma Rousseff e do governador Jaques Wagner. Temos a compreensão de que Salvador é uma cidade com quase três milhões de habitantes, onde historicamente as eleições não são definidas no primeiro turno, e vamos trabalhar para colocarmos no desfile das ideias as propostas do PCdoB.

Vermelho: Já existe um movimento para possíveis apoios e articulações políticas em torno de sua candidatura em Salvador?
AP: Iniciamos um fórum de debates com partidos que compõem conosco um bloco parlamentar na Câmara dos Deputados. Temos realizado debates ao lado do PSB e PTB. Também temos uma excelente relação com outros partidos da base aliada. Mas ainda não há uma conformação definitiva sobre a possibilidade de alianças, na medida em que ainda somos uma pré-candidatura recentemente lançada. Essa afirmação vai acontecer exatamente no curso dos debates.

Vermelho: Você já possui um diagnóstico sobre os principais desafios que Salvador enfrenta?
AP: Salvador é a mais antiga capital do Brasil. Tem graves problemas de mobilidade urbana, possui um grande cinturão de pobreza e o maior número de desempregados entre as regiões metropolitanas no país. Achamos que através de minha candidatura teremos condições de oferecer alternativas para a cidade e focar naqueles que efetivamente mais precisam.

Vermelho: Na Câmara Federal, você participa da Comissão Especial que analisa o Plano Nacional de Educação. Qual é a importância deste tema para Salvador?
AP: Temos tido muitos avanços no Brasil nessa área e a Bahia é o estado que mais tem derrubado índices de analfabetismo. No entanto, ainda somos — per capita — o estado com o maior número de pessoas analfabetas no Brasil. Isso é fruto de um atraso histórico e, mais especialmente, do domínio oligárquico comandado por Antônio Carlos Magalhães, nos últimos 40 anos. Atualmente a média nacional de analfabetismo — segundo a última pesquisa do IBGE— aponta que essa taxa, entre pessoas com mais de 15 anos, caiu de 10 para 9,7% — o que representa a quinta queda consecutiva. Em números absolutos isso representa 14 milhões de brasileiros. No Nordeste essa taxa é a maior do país, com 18,7%. Apenas a Bahia possui 12% do total de analfabetos do Brasil — 1,8 milhão de pessoas. Isso demonstra que Salvador ainda precisa enfrentar essa realidade. Como precisamos enfrentar também a realidade do desemprego, da capacitação de mão de obra e da mobilidade urbana e do transporte de massa. Pretendemos abordar tudo isso com profundidade na campanha eleitoral.

Vermelho: Quais são os principais benefícios que uma administração comunista pode trazer para a cidade de Salvador?
AP: A primeira coisa é você tratar especificamente das pessoas que aqui vivem. Quanto mais respeito e investimento tratarmos as pessoas do lugar, melhor receberemos as pessoas de fora. Salvador, que tem toda essa tradição, precisa melhorar a sua própria condição. O perfil de uma administração comunista será em primeiro lugar focar as pessoas. Precisamos de um verdadeiro mutirão educacional, de formação de mão de obra, de estrutura de emprego e de atração de turistas. Um partido oriundo do mundo do trabalho, com quase 90 anos de existência, e que tem sua digital impressa nas mais importantes lutas do povo tem que pegar as questões da vida das pessoas como elemento número um.

Vermelho: Como sua experiência na Câmara Federal pode contribuir para o desenvolvimento da cidade de Salvador?
AP: A primeira coisa que trago de herança desse trabalho é a capacidade de convivência com as diferenças e a ampliação na formação de chapas e governos. Essa capacidade de articulação é muito importante porque ninguém governa sozinho. O PCdoB aprendeu isso muito cedo e essa experiência tem servido para ajudar inclusive os governos dos quais participamos em todo território nacional. Em segundo lugar está a marca social que vem comigo através da nossa gênese partidária político-ideológica e pela prática no Congresso Nacional. Essas são marcas indeléveis aos mandatos comunistas e que procurarei trazer com bastante intensidade.