O saneamento básico e a política de resíduos *

Ao encerrar com uma bela festa no Parque Farroupilha, em meio a comemorações do Ano Internacional da Química e do Dia dos Namorados (simbiose essa, por si só, muito elucidativa da possibilidade de harmonizar o desenvolvimento de nosso Estado com a preservação dos nossos recursos naturais, com um olhar apaixonado e humano para a nossa gente e a nossa biodiversidade), o saldo da Semana Estadual do Meio Ambiente é extremamente positivo.

As diversas atividades demonstraram o aumento crescente do nível de consciência ambiental da nossa população. Cito como exemplo os proprietários de automóveis que levaram seus carros à Usina do Gasômetro para verificar o nível de emissão de gases de efeito estufa. Tivemos, ainda, o plenarinho da Alergs lotado para o lançamento da Política Estadual de Plantas Medicinais, Aromáticas, Condimentares e Fitoterápicas; a reunião na Fiergs para alavancar a reestruturação da Rede Estadual de Monitoramento da Qualidade do Ar; uma série de conferências na Ufrgs que debateram a nossa matriz energética, o transporte sustentável, entre outros temas. Tudo isso e muito mais deve ser saudado e percebido na sua real dimensão.

Mas como agente público, na condição de diretor-presidente da Fepam, gostaria de alertar todas as esferas de governo – federal, estadual e municipal – para dois graves problemas ambientais e de saúde pública cuja responsabilidade é dos entes públicos: saneamento básico e política de resíduos urbanos.

É inadmissível que o Rio Grande do Sul ostente uma posição de décimo pior Estado no ranking de saneamento básico. Não é possível falar em política ambiental, de preservação de nossos recursos hídricos sem a reversão desse quadro. Tenho a convicção, e sou parceiro, de que isso passa pelo fortalecimento e pela reestruturação de nossa Corsan.

Tratar nosso lixo como algo que traz despesa e incomodação é de um atraso inacreditável frente às potencialidades tecnológicas que hoje possuímos. Lixo é um ativo econômico, de geração de emprego e renda por meio de coleta seletiva e posterior reciclagem. Nossos resíduos orgânicos podem gerar compostagem, adubo orgânico de alta qualidade e energia. Esses são apenas alguns exemplos. A tecnologia caminha a nosso favor nesse sentido. Basta um olhar especial, ação e priorizar o tema.

Conclamo, portanto, a todos os governantes a criarmos um grande mutirão para enfrentar esses dois desafios e colocar nosso Estado à altura das possibilidades e das necessidades do nosso tempo. O Rio Grande precisa e merece avançar no rumo da sustentabilidade.

(*) Carlos Fernando Niedersberg, diretor-presidente da Fepam e presidente do PCdoB-Porto Alegre. O artigo foi publicado originalmente pelo jornal Correio do Povo