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Conferência Internacional pela paz e integração realiza-se em SP

Começou na sexta-feira (17) em São Paulo a conferência internacional “A Integração Latino-Americana e a Luta pela Paz", promovida pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz). Para a presidente do Centro, Socorro Gomes, “o objetivo do evento é discutir o tema com representantes de países da América Latina, mundo árabe e países asiáticos, que desenvolvem ações de solidariedade e fomentam a cultura da paz”.

evento Cebrapaz_mesa de abertura - Gisella Gutarra

O ato de abertura contou com a presença dos embaixadores no Brasil da Venezuela, Maximilien Arvelaez, e do Vietnã, Duong Nguyen Tuong, do presidente do Movimento Cubano pela Paz, José Ramon Rodriguez, e da presidente do Cebrapaz.

Compareceram numerosos representantes de movimentos sociais brasileiros, destacadamente a CTB, Conam, UGT, Marcha Mundial de Mulheres, UJS, Federação Palestina e Fearab. Encontravam-se presentes também representações partidárias do PCdoB e PT.

Da América Latina estavam representações da Aliança Social Continental (Colômbia), Comissão de Familiares de Desaparecidos de Honduras, Mopassol da Argentina, Centro Martin Luther King de Cuba e Centro de Estudos sobre Segurança e Desenvolvimento do Peru. O ato de abertura contou também com a presença de uma representação da Palestina.

Amor e solidariedade

José Ramon Rodriguez, do Movimento pela Paz de Cuba, foi o primeiro a falar. Ao agradecer o convite, emocionou os presentes referindo-se ao “amor e solidariedade dos brasileiros com Cuba”. Ramon Rodriguez, que será um dos conferencistas na mesa sobre “As lutas dos Povos contra as Agressões”, destacou a importância da luta contra as bases militares, na qual o Cebrapaz “tem desempenhado um papel fundamental”. Lembrou que em Cuba foram realizados em 2010 e 2011 dois seminários em Guantânamo, para lembrar “que Guantânamo não pertence aos Estados Unidos que lá instalaram uma base, mas do povo cubano”.

Brasil e Venezuela, eixo da integração

O embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Arvelaez, destacou o papel do Cebrapaz na solidariedade entre os povos da América Latina e se disse honrado por “representar a Revolução Bolivariana e o comandante e presidente Hugo Chávez neste importante evento”.

Arvelaez lembrou que em 5 de julho próximo a Venezuela sediará “dois eventos de grande significação política”. Um deles é a celebração dos 200 anos da independência do país, “uma gesta heróica”. O outro será o ato de fundação da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), “que vai permitir que desapareça a nefasta OEA, que outrora os cubanos chamaram de ‘ministério das colônias’”. Para o representante do governo de Hugo Chávez no Brasil, a Celac reflete a nova realidade do continente, é resultado das lutas, da resistência e da acumulação de forças.

O embaixador venezuelano relatou que testemunhou pessoalmente os recentes encontros do ex-presidente Lula com o presidente Chávez e deste com a presidente Dilma, durante visita do mandatário venezuelano ao Brasil. Ele se disse otimista em relação ao desenvolvimento das relações bilaterais, que classificou como “um eixo estruturante” da integração latino-americana. Arvelaez condenou a guerra dos Estados Unidos à Líbia e as provocações para desestabilizar a Síria. Finalizou destacando a grande importância das eleições presidenciais de 2012 na Venezuela e chamou a atenção para as “táticas golpistas” da oposição.

Cultivar a paz

Duong Nguyen Tuong, embaixador do Vietnã no Brasil, disse que sem paz não é possível construir países soberanos e a justiça no mundo, “onde há ainda muitas tendências à militarização”. Para ele, “cultivar a paz é a grande tarefa da nossa época”. E ressaltou a importância ainda mais destacada que a paz tem para seu país, que até meados dos anos 1970 viveu “mil anos em guerra”. Nguyen Tuong enfatizou que a prioridade de seu país aos esforços para a paz mundial em nada implicam “perda da soberania nacional”.

O embaixador vietnamita também destacou o desenvolvimento positivo das relações bilaterais com o Brasil.

Condenar as guerras imperialistas

O ato inaugural da Conferência Internacional “A Integração Latino-Americana e a Luta pela Paz” foi encerrado pela presidente do Cebrapaz e do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes.

Enfática e vibrante, Socorro prendeu a atenção do numeroso público durante 40 minutos com uma ampla análise sobre a política militarista e de guerra do imperialismo norte-americano e seus aliados da Otan.

“Hoje, se alguém encostar aleatoriamente o dedo sobre o mapa do mundo, por certo indicará alguma base militar das grandes potências. (…) Também os oceanos e mares estão repletos de embarcações militares imperialistas, prontas a entrar em operação a qualquer momento, em qualquer lugar”.

A presidente do Conselho Mundial da Paz denunciou o monopólio das armas nucleares pelos Estados Unidos e demais potências e declarou que “continua a se desenvolver desenfreadamente uma corrida armamentista”. Com dados atualizados, denunciou o incremento das despesas militares dos Estados Unidos e a disseminação de bases militares em todo o mundo.

Socorro conclamou os presentes a condenar as guerras imperialistas na Líbia, Iraque, Afeganistão, a política genocida dos sionistas israelenses na Palestina, as provocações contra o Irã, Coreia do Norte e Síria. E pediu a solidariedade a Cuba, Venezuela e todos os povos latino-americanos em luta. Em particular reivindicou a libertação dos cinco patriotas cubanos presos nos Estados Unidos e o fechamento da base de Guantânamo. Disse que é indispensável “desmantelar a Otan e abolir as armas nucleares”.

Socorro Gomes fez um balanço da luta pela paz no mundo ao longo dos últimos anos e ressaltou a importância de fortalecer o Cebrapaz e suas iniciativas, como a presente conferência internacional, “que ocorre em um momento histórico muito importante para a América Latina”. Em sua opinião, “cresce em toda a região a consciência de que a América Latina tem vocação para a paz”. Segundo ela, “a incessante luta pela paz no mundo tem mobilizado gente de todos os quadrantes do planeta”.

Finalizou dizendo que a conferência internacional organizada pelo Cebrapaz “representa um esforço de aprofundamento do conhecimento sobre as ameaças de guerra e a luta pela paz”. E manifestou a confiança de que da conferência “sairão ideias e posições que fortalecerão nossa luta em favor de uma nova ordem mundial, em que todos possam viver em paz e escolher seu destino de forma soberana”.

Da Redação