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Afeganistão: EUA confirmam diálogo com Talebã

O secretário de Defesa americano, Robert Gates, confirmou que os Estados Unidos estão realizando diálogos preliminares com a milícia islâmica do Talebã. Em uma entrevista à rede de TV CNN, Gates disse que, por várias semanas, alguns países – incluindo os Estados Unidos – tentaram contatar representantes do Talebã, e que os diálogos ainda estão em um estágio preliminar.

A confirmação do governo dos Estados Unidos ocorreu um dia depois que o presidente afegão, Hamid Karzai, disse que os americanos haviam começado negociações com o Talebã.

"A minha visão é que diálogos reais de reconciliação provavelmente não serão capazes de chegar a avanços significativos até pelo menos o próximo inverno (no hemisfério norte)", disse Gates, que deixará o cargo no próximo dia 30.

O secretário afirmou ainda que as tentativas dos Estados Unidos em fazer contato direto com o Talebã não levarão a nenhum arrefecimento da campanha militar americana contra os insurgentes.

"Eu acho que o Talebã deve se sentir ele próprio sob pressão militar, e começar a acreditar que não pode vencer antes que esteja disposto a ter uma conversa séria", disse Gates.

"A questão é quando (isto vai ocorrer), e se eles estão prontos para dialogar seriamente sobre atingir metas, incluindo uma total rejeição da Al-Qaeda."
Questionado se sente desconforto com a ideia de dialogar com um grupo que protegeu e apoiou os autores dos atentados de 11 de setembro de 2001, Gates disse que, no Iraque, os Estados Unidos acabaram lidando com pessoas que foram diretamente envolvidas com a morte de soldados americanos.

Retirada

A primeira fase da retirada das forças americanas do Afeganistão está prevista para começar no próximo mês. O objetivo é entregar gradualmente todas as operações de segurança ao governo afegão até 2014.

Segundo o correspondente da BBC em Washington Tom Burridge, o presidente americano, Barack Obama, deve anunciar nos próximos dias quantos soldados ele irá retirar o Afeganistão nesta fase. O Pentágono, incluindo Gates, é a favor de uma redução gradual das tropas.

O secretário da Defesa reconheceu que a população americana está "cansada de guerra", mas afirmou que foi importante consolidar os ganhos obtidos pelas forças da coalizão nas províncias afegãs de Kandahar e Helmand nos últimos 15 meses.

De acordo com o correspondente da BBC em Cabul (Afeganistão) Paul Wood, a posição oficial do Talebã é que as forças internacionais devem primeiramente deixar o país, para somente depois se discutir um acordo de paz – algo que contradiz as informações dadas por Gates.

Embora tenha sido expulso do poder no Afeganistão depois da invasão americana, ocorrida após os atentados de 11 de setembro, o Talebã continua controlando diversas áreas no Afeganistão, realizando constantes ataques a alvos ocidentais e do governo afegão.

Fonte: Uol Notícias