Jô Moraes alerta para lesões incapacitantes em acidentes

 “Acidentes com motos são hoje a principal causa de paraplegia e tetraplegia”, alertou hoje (11) a deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG) em discurso da tribuna da Câmara ao cobrar as autoridades e da própria Casa Legislativa um freio nas mortes e incapacitações decorrentes do meio de transporte que mata diariamente 23 pessoas no Brasil. Além disso, “de cada 100 mil brasileiros que ficam com seqüelas em acidentes de moto, 4 mil têm lesão medular”, disse.

Para ela, “a maioria é acidente de trabalho e como tal deve ser tratado. Trabalhadores mortos e incapacitados têm famílias que ficam desestruturadas ou até mesmo são esfaceladas em razão da tragédia”, disse. “Não podemos ficar como meros espectadores, mesmo porque esta realidade tem um custo social e mesmo financeiro altíssimos para o País”, pontuou ao lembrar que nos últimos 10 anos o Brasil registrou um aumento de 753,8% no número de vítimas.

A despeito da vulnerabilidade dos usuários a acidentes graves, Jô ponderou que a opção dos trabalhadores por esse tipo de veículo decorre da deficiência do transporte público; dos baixos preços dos veículos; das facilidades de financiamento e do reduzido consumo de combustível.

Bueiros

Outra cobrança da parlamentar foi dirigida à Cemig em função de nova explosão de caixa de eletricidade da estatal na área central de Belo Horizonte fazendo uma nova vítima, que ficou ferida ao receber parte dos destroços lançados no ar. “Se falta uma política de manutenção que ela seja empreendida. O que não se pode é colocar pessoas em risco de queimaduras, de fraturas, de cortes, de lesões graves e até de morte como se estivéssemos em guerra. Bueiros explodindo não podem fazer parte do cotidiano dos belo-horizontinos. Não mesmo!”, afirmou.

Discurso

Eis a íntegra do pronunciamento da deputada federal Jô Moraes:

“Senhor presidente, senhoras deputadas, senhores deputados,

Vinte e três pessoas morrem por dia em acidentes de motos no País. O número de vítimas de acidentes envolvendo este tipo de veículo no Brasil subiu 753,8% no período de 1998 a 2008. Já 43,6% dos que sobrevivem aos acidentes têm lesões.

Acidentes com motos são a principal causa de paraplegia e tetraplegia. De cada 100 mil brasileiros que ficam com seqüelas em acidentes de moto, 4 mil têm lesão medular. O montante já supera os lesionados por armas de fogo. A Organização Mundial de Saúde calcula que a cada 90 segundos morre um motoclista no mundo.

Apenas 5% do total das vítimas dessa carnificina não sofrem danos físicos. Os motivos deste quadro são fáceis de serem percebidos: motociclistas ficam completamente vulneráveis no trânsito, já que expostos diretamente ao choque com veículos ou objetos fixos, ou seja, muito mais sujeitos a traumas múltiplos e de maior gravidade.

Soma-se a isto o verdadeiro caos que é o trânsito de nossas grandes cidades, a falta de educação, de civilidade no ir e vir, a deficiência do transporte público. A opção pela moto se dá em razão dos baixos preços dos veículos; das facilidades de financiamento, do reduzido consumo de combustível, enfim, dos atrativos que tornam o transporte a opção de inúmeros trabalhadores brasileiros.

Mas não podemos ficar como meros espectadores, mesmo porque esta realidade tem um custo social e mesmo financeiros altíssimos. São milhares de brasileiros internados anualmente, faltando ao trabalho, deixando órfãos, famílias destruídas ou desestruturadas.

É preciso uma ação enérgica e decisiva do poder público e desta Casa no sentido de mudar essa realidade, de frear essas mortandade e morbidade. Precisamos nos integrar a uma rede de cobrança por um basta! Estamos falando de vidas de trabalhadores, não de meras estatísticas.

Quero aqui também registrar e novamente cobrar da Cemig uma solução para impedir a explosão de bueiros em minha Belo Horizonte. Ontem, mais uma caixa da companhia de eletricidade explodiu em plena área central, fazendo mais um ferido, isso em menos de um mês.
Se falta uma política de manutenção que ela seja empreendida. O que não se pode é colocar pessoas em risco de queimaduras, de fraturas, de cortes, de lesões graves e até de morte como se estivéssemos em guerra. Bueiros explodindo não podem fazer parte do cotidiano dos belo-horizontinos. Não mesmo!”

De Belo Horizonte,
Graça Borges