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Polícia do RJ descobre plano para matar outro juiz

Responsável pela decretação da prisão de mais de 50 policiais envolvidos com chefões da máfia dos caça-níqueis — Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio —, o juiz da 1ª Vara Criminal de Bangu, Alexandre Abrahão, passou a ser mais um motivo de preocupação para o Tribunal de Justiça.

juizes ameaçados

Uma semana após a morte da juíza Patrícia Acioli, autoridades do estado receberam informações sobre plano para executar o magistrado. Os dados constam no Disque-Denúncia recebido terça-feira e repassado a seis órgãos de segurança.

No documento consta que o juiz estaria marcado para morrer por determinação de Rogério de Andrade. Para isso, o contraventor contaria com o apoio de 39 policiais militares de um único batalhão. Informações sobre a vida pessoal do juiz — incluindo o veículo que ele usa para se locomover e o número reduzido de policiais que fazem sua escolta — teriam sido repassadas por serventuário da Justiça contratado pelos responsáveis pela suposta emboscada armada contra o magistrado.

No Disque-Denúncia consta ainda que a morte de Abrahão deveria ocorrer simultaneamente à do delegado Ricardo Dominguez, diretor do Departamento de Polícia da Capital (DPC). Nas informações, Alexandre Abrahão poderia ser morto perto do Fórum de Bangu.

Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio — respectivamente, sobrinho e genro do contraventor Castor de Andrade, morto em 1997 — foram julgados pela 4ª Vara Federal Criminal. A dupla foi condenada a 18 anos de reclusão pelos crimes de formação de quadrilha, contrabando, corrupção passiva e ativa. Rogério e Iggnácio estão foragidos da Justiça.

Advogado entrega ofícios sobre escolta de juíza ao TJ

Nesta quarta-feira, após o jornal O DIA mostrar ofícios comprovando a redução, em 2007, da escolta e ameaças à magistrada, identificadas pela Polícia Federal em 2009, o advogado da família de Patrícia Acioli, Técio Lins e Silva, entregou documentos ao presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos. Ele entregou também petição da família para que autoria do crime seja descoberta.

Interceptações telefônicas feitas pela PF flagraram o bicheiro Luís Anderson de Azeredo Coutinho, um dos investigados pela execução, dizendo ao interlocutor que “bomba iria explodir em São Gonçalo” e que a “pessoa que bate o martelo iria chorar lágrimas de sangue”. “É o chamado leite derramado. Ela não se amedrontou e, por isso, morreu”, enfatizou Lins. Então presidente do TJ em 2009, Luiz Zveiter informou que a ameaça do bicheiro não foi caracterizada porque advogados dele representaram contra à magistrada na Justiça, como consta no relatório.

A investigação sobre a ameaça foi arquivada pela 2ª Vara Criminal de São Gonçalo, a pedido do Ministério Público. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso, reagiu. “É uma afronta à ordem jurídica, ameaça ao Poder Judiciário e desafia o estado de direito”, afirmou. Presidente do TJ em 2007, Murta Ribeiro foi procurado, mas não falou sobre a redução da escola da juíza morta.

Medidas de segurança na Justiça

Equipamentos de segurança começaram a ser instalados no Fórum de São Gonçalo ontem: detectores de metais, portais de raio-x, esteira para inspeção de bolsas e câmeras. Juízes também terão estacionamento privativo e carros blindados. Haverá reforço na segurança do fórum.

Após reunião com o governador Sérgio Cabral, o presidente o Tribunal de Justiça, Manoel Alberto Rebêlo, anunciou medidas de segurança: 30 PMs serão cedidos ao TJ e policiais que respondem a processo no 7º BPM serão transferidos.

O governo também cedeu terreno para construção de um novo Fórum de São Gonçalo, para concentrar as varas e facilitar a segurança. Será criada a 5ª Vara Criminal na cidade.

Fonte: O Dia