Amy morreu careta; repente brasileiro homenageia cantora

Nesta terça-feira (24), o porta-voz da família de Amy Winehouse, Chris Goodman, divulgou os resultados do exame toxicológico feito na cantora. Segundo o comunicado, não foram encontrados vestígios de droga no organismo de Amy, apenas álcool em quantidade insuficiente para causar a morte, que permanece inexplicada. Amy, que morreu em 23 de julho, é alvo de inúmeras homenagens. Entre elas está o repente de Edu Krieger: “rock n’roll pra valer foi Noel Rosa que partiu sem chegar aos 27”.

Além do repente de Edu Krieger, Amy também foi tema de uma série original de obras brasileiras sobre ela, com artistas como William Medeiros, Stegun, Viviane Yamabuchi e Edra, todas reunidas em uma exposição que aconteceu em um shopping de São Paulo.

Ninguém sabe a real causa da morte da cantora. A especulação de que ela teria sofrido uma overdose, depois de se drogar na noite de 23 de julho, parece estar descartada, já que o porta-voz disse que o exame não encontrou substância ilícita. Como o corpo foi cremado, não existe possibilidade de uma nova autópsia: tudo será definido com base no que foi recolhido na casa da cantora e o inquérito que vai apurar o que, de fato, aconteceu só deve sair no final de setembro.

De acordo com o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, é raro, mas a abstinência pode matar. “Durante a abstinência, a pressão pode aumentar, a pessoa pode ter taquicardia, tremores, ficar ansiosa, suar frio”, diz Andrade. “O grau máximo da abstinência é chamado de delirium tremens, em que o paciente passa a ter crises convulsivas.” O delirium tremens pode ocorrer quando uma pessoa interrompe o consumo de álcool depois de beber por muito tempo. A falta de alimentação também pode agravar a situação.

Morte por abstinência é comum nos EUA

Segundo o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, é mais comum em pessoas que tomam entre 4 e 5 doses de vinho ou até oito doses de cerveja por dia durante vários meses. De acordo com Ana Cecília Marques, da Associação Brasileira do Estudo do Álcool e Outras Drogas, em torno de 5% dos pacientes podem desenvolver essa síndrome de abstinência grave.

Entre os sintomas, os pacientes podem sentir medo, sofrer alucinações, convulsões, dores no peito, febre e vômito. Em geral, esses sinais aparecem a partir de 72 horas após a retirada total do álcool do organismo. Estudos sugerem, porém, que eles podem ocorrer entre 7 e 10 dias após a última dose ingerida. Depois desse período, os sintomas pioraram progressivamente.

“Quando essas pessoas param de beber, acontece um ‘caos químico’ no sistema nervoso central. Além de alucinações e convulsões, o paciente também apresenta alterações no sistema cardiovascular e no sistema respiratório”, diz Ana Cecília Marques. “Antes, o cérebro do paciente havia desenvolvido uma tolerância ao álcool. Sem ele, tudo deixa de funcionar como deveria. A pessoa pode morrer por falência.”

Como procurar ajuda

Arthur Guerra de Andrade explica que, em casos de crise de abstinência séria, o paciente deve procurar um serviço de emergência, onde será atendido numa Unidade de Terapia Intensiva que tratará os sintomas com medicamentos anticonvulsivos, calmantes, entre outros. Sem a ajuda de um médico, segundo Ana Cecília Marques, dificilmente o paciente sobrevive.

Para quem deseja parar de beber, os médicos indicam a interrupção total da bebida alcóolica. A decisão, porém, deve ser acompanhada de perto por um especialista, capaz de controlar sintomas de uma possível complicação, como é o caso da síndrome de abstinência grave. O pai de Amy, Mitch Winehouse, disse que sua filha lutava contra o álcool havia anos e, quando morreu, estava completando três semanas sem beber. O resultado do inquérito sobre a morte da cantora britânica deve ser conhecido no dia 26 de outubro.

Da Redação, com agências