Andréia Duavy: Sociedade, Violência e Juventude

A cada dia que passa, crianças se tornam homens pelas armas que carregam, pelos tiros que levam, pelas surras que as matam.

Por Andréia Duavy*

Parte da elite sempre colocou a juventude à margem da sociedade, como rebeldes sem causa, como protagonistas e vítimas da crescente violência em nosso país, e se, por um lado, há aqueles que defendem a redução da maioridade penal como a saída mais avançada, há os que defendem as aplicações de medidas sócio-educativas, de mais oportunidades, e há ainda, os que defendem a máxima: “olho por olho, dente por dente”.

Ora, se a redução da maioridade penal fosse eficiente, por que os detentos, muitas vezes, ao saírem da cadeia voltam à marginalidade? Como se pode confiar num sistema penitenciário que não dá garantias de futuro nem aos já crescidos, com vidas prontas e responsabilidades, que dirá a um adolescente, muitas vezes impulsionado por campanhas da grande mídia de verbos no imperativo que pregam o imediatismo, o prazer como expressão mais pura da felicidade, além de falta de perspectivas num futuro, que acaba entrando na marginalidade, nas drogas no desemprego, etc.

Infelizmente há uma errônea formalização da violência como método de punição, gerando o caos, pois os limites entre punição e agressão gratuita estão cada vez mais tênues, e dificilmente identificados, afinal, para cada ato violento haverá um motivo, seja ele válido ou não para quem pratica, quem sofre e quem assiste.

Também há reivindicações por mais oportunidades para a juventude, o que é rebatido pelos “intelectuais” abastados que dizem: “Oportunidades? Eu não tive televisão para ensinar-me nada (?), eu nunca tive computador, eu nunca tive isso, eu nunca tive aquilo…”. Não vendo que a desigualdade entre os que têm, os que têm muito e os que não têm nada, não é geração de oportunidades, mas sim, de exclusão social. Vemos na televisão o que não temos em casa, e isso nos é transmitido de forma que o que nos falta é exatamente o que nos proporciona mais felicidade! Oportunidade é educação de qualidade para todos, é alimentação todos os dias. Moradia, esporte e lazer também. Oportunidade é dar a condição necessária para o amadurecimento individual e coletivo.

Por último, as medidas sócio-educativas, são as mais polêmicas, pois embora tragam consigo a promessa de ressocialização, o Estado já mostrou-se incompetente para cumpri-las e a sociedade incapaz de compreendê-las. Elas deveriam sim ser incorporadas inclusive ao método penitenciário atual. O valor do trabalho, da dedicação ao outro, da solidariedade; valores que, se antes eram substituídos pela autoridade sem discussões, hoje se mostra adormecida, embora presente em todo jovem revolucionário.

E ao final, permito-me uma citação de Che: “Se tremes de indignação toda vez que é cometida uma injustiça no Mundo, então somos companheiros”. E aqui, não precisa se dizer mais nada.

*Andréia Duavy é pós-graduanda Master em Arquitetura, Diretora de Finanças da UJS Fortaleza e militante do PCdoB.