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Em Minas, professores se acorrentam e entram em greve de fome

Cerca de 20 professores mineiros da rede estadual estão em greve de fome e acorrentados ao monumento Pirulito da Praça Sete, região central de Belo Horizonte, desde as 7h de hoje. O ato é para chamar a atenção sobre a situação da categoria paralisada desde o dia 8 de junho para reivindicar aumento no piso salarial. Confira também o vídeo com imagens registradas na manhã de hoje.

Professores acorrentados em MG

Inicialmente, os mais de 150 mil trabalhadores que cruzaram os braços exigiam equiparação ao piso nacional, instituído pela Lei Federal 11.738/08 que, segundo o Ministério da Educação é de R$ 1.187 e R$ 1.597, conforme a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

“Chegando aos 98 dias de greve, concordamos com o pagamento proporcional com base nos R$ 1.187, além do plano de carreira. É preciso levar em conta o tempo de trabalho e capacitação do professor”, explicou Rafael Calado Alves Pereira, diretor do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sindi-Ute).

Munidos de nariz de palhaço, cartazes e panfletos, os manifestantes estão na praça abordando a população para explicar o impasse nas negociações com o governo estadual. Eles prometem permanecer no local até as 19h.

Como Thiago Luiz Ferreira Miranda, 30 anos, que há sete é professor da rede. Atualmente, pelas 24 horas semanais de trabalho recebe um salário base de R$ 550. “Com os benefícios o valor chega a R$ 950. Após descontos, recebo em conta R$ 801,20. Tenho curso superior, tenho a responsabilidade de conduzir uma sala de aula e recebo menos que o piso nacional”, indigna-se o acorrentado, que promete permanecer no local até as 19h somente bebendo água.

Thiago também comentou o fato do governo estadual ter substituído os grevistas por outros profissionais. “Estamos com os salários cortados há 2 meses por conta da greve e sendo substituídos, o que é inconstitucional, já que o direito de greve é assegurado pela Constituição”, declarou o docente. Com relação a isso, a categoria entrou com ação no Ministério Público, que ainda não foi julgada.

Hoje, o Sindi-Ute protocolou pedido de investigação no Ministério Público sobre denúncias de que alguns professores estão sofrendo intimidações de policiais mineiros. “Já fizemos o pedido oficialmente e alguns deputados estaduais estão acompanhando ”, confirmou Rafael Calado.

O professor Thiago reforçou: “Eu mesmo já fui seguido por dois policiais durante uma das manifestações”. O governo mineiro nega todas as acusações.

Próximos passos

Os próximos passos dos grevistas já estão traçados. Amanhã, eles partem para a Assembleia Legislativa onde, segundo Rafael Calado, o governo pretende fazer com que os deputados aprovem o projeto de lei do Executivo, enviado na terça-feira, que estabelece piso salarial de R$ 712 para toda a categoria.

Para o governo, as mudanças beneficiam principalmente os profissionais de educação que têm mais tempo de serviço. Mas, os servidores estaduais contestam o projeto: para eles, ele coloca toda a categoria no mesmo patamar. “Como pode um professor com mais de 15 anos de carreira, com título de especialização, receber o mesmo que um iniciante. Vamos todos para lá tentar impedir a votação”, indagou o dirigente mineiro.

Deborah Moreira, da redação do Vermelho com agências