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Luís Nassif: Sonhando um novo Brasil

Na tarde de ontem (15), no auditório do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), o ex-Ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso deu início a mais um Fórum Nacional, referência anual de discussão dos grandes temas nacionais.

 Na seção de abertura, Velloso propôs um desafio. Lembrou que três grandes saltos brasileiros se deram no bojo de grandes crises mundiais: a de 1929, que resultou na era Vargas, a era JK (no rastro de problemas cambiais) e a era Geisel, que se seguiu à crise do petróleo em 1973.

Em sua opinião, a atual crise global abre uma janela de oportunidade para um novo modelo de desenvolvimento, assim como em 1929, quando a quebra da agricultura permitiu o início da industrialização. A crise destruiu o modelo agroexportador. De 1931 em diante o produto industrial voltou a crescer e de 1932 a 1939 o ritmo foi de 10% ao ano.

A crise de 1973 destruiu o modelo que havia viabilizado o “milagre”, devido às vulnerabilidades estruturais, especialmente a dependência de insumos importados. A era Geisel completou o desenho industrial nessas áreas críticas.

A primeira parte do trabalho detalha as raízes da crise global nos países centrais: a falta de liderança política, a crise do seu modelo econômico-social, do sistema financeiro global, a falta de perspectivas de desenvolvimento e a crise fiscal. Some-se o novo papel das redes sociais, crescendo no vácuo político dos países, a dificuldade de assimilação das minorias, tudo isso gerando um quadro não apenas de estagnação imediata como de falta de perspectivas.

A partir daí, o trabalho desenvolve propostas para novos modelos para o Brasil.

Primeiro, identifica três problemas macro: a questão política, um Estado que gasta demais e o fato de dispor de dez grandes oportunidades estratégicas e não saber como aproveitá-las.

Para chegar a novos resultados, diz Velloso há a necessidade de uma mudança histórica no modelo de desenvolvimento, conduzida em três pernas principais: ajuste fiscal de longo prazo (e reindustrialização), investimento no PIB verde (agricultura, mineração, indústria e serviços verdes) e na economia do conhecimento.

Finalmente, chega às dez oportunidades:

Universalização da inovação.

Ttransformação da economia, montando complexos industriais em torno do pré-sal.

Nova matriz energética aumentando a participação da energia elétrica e avançando em transporte público sobre trilhos.

Em paralelo com biocombustíveis, implantação do carro elétrico.

Uso da biotecnologia para desenvolver a biodiversidade brasileira.

Uso do modelo escandinavo para construir grandes complexos industriais em tornos dos setores intensivos em recursos naturais.

Novas tecnologias de combustíveis, como o etanol celulósico.

Transformação do país em terceiro ou quarto centro global de Tecnologias de Informação e Comunicações (Ticos).

Desenvolvimento da eletrônica orgânica.

Desenvolvimento das indústrias criativas (cultura, artes, entretenimento e turismo).

Velloso sintetiza o Brasil desenvolvido como fruto de educação de qualidade, economia do conhecimento. Defende também um modelo de desenvolvimento com grande geração de empregos. E define como segredo, como “arma secreta” o espírito empresarial, acoplada a estratégias de desenvolvimento social.

Fonte: Blog do Nassif