Para S&P, pacote italiano não garante cumprimento de metas
A Standard & Poor’s (S&P) vê pouco estímulo à economia nas medidas do plano anunciado pela Itália, e espera um baixo potencial de crescimento no futuro, o que torna mais difícil alcançar as metas fiscais estabelecidas, afirmaram os analistas da agência de crédito nesta terça-feira.
Publicado 20/09/2011 17:15
A demanda externa vem diminuindo e a doméstica também deverá cair, devido às medidas de austeridade fiscal e ao encarecimento dos financiamentos para as empresas italianas, declarou o diretor da S&P, Mortiz Kraemer, em teleconferência.
Risco em alta
A agência cortou o rating soberano da Itália, de A+ para A e manteve a perspectiva negativa da nota, indicando que é grande a chance de um novo rebaixamento nos próximos 18 meses.
A reação do mercado ao rebaixamento foi, de fato, “muito discreta”, comentou Kraemer, sinalizando que provavelmente os bancos detentores de títulos do governo italiano não precisam se preocupar com o risco de um colapso repentino nas contas do país.
Ao traçar o raciocínio por trás da avaliação de risco elaborada pela agência, Kraemer citou a “pertinente analogia” da Espanha, que assim como a Itália, obteve apoio do Banco Central Europeu desde agosto, por meio da compra de títulos do governo em troca de um ajuste fiscal.
A Espanha montou um pacote “rápido e bipartidário”, destacou Kraemer. Em Roma, as conversas sobre o orçamento demoraram e sofreram diversos ajustes, e o processo não foi bipartidário, acrescentou o executivo da S&P. Por outro lado, o rating “A”é forte e nenhum país com essa nota entrou em default nos últimos 15 anos, observou Kraemer.
Privatizações
Questionado se a Itália poderia iniciar uma campanha de privatização de empresas para reduzir seu déficit público, hoje em 120% do PIB, Kraemer disse que, “obviamente”, não há ativos que possam ser vendidos imediatamente em volume suficiente para reduzir o nível de endividamento do país de forma significativa, mas pequenas privatizações podem ajudar a “estabilizar” as contas.
Entretanto, o analista da S&P Eileen Zhang disse que o pacote de austeridade de 54 bilhões aprovado na semana passada dá incentivos aos governos locais para que vendam algumas estatais, como empresas de energia elétrica. Mas, considerando que o governo central está cortando suas transferências de recursos aos governos locais, qualquer plano de venda de estatais locais teria pouco ou nenhum impacto nas contas fiscais italianas, ponderou o especialista.
Zhang também alertou que a cobrança de um imposto sobre grandes fortunas de famílias italianas, ideia que vem sendo defendida pela imprensa, poderia provocar uma fuga de capitais.
Fonte: Dow Jones