Sem categoria

Protestos irão marcar visita de Bento XVI à Alemanha

O papa visita a Alemanha num momento em que a situação da Igreja em seu país natal é complexa. Depois que vieram à tona os casos de abusos de menores nos bastidores da Igreja, muitos católicos se desligaram da instituição. Também muitos fiéis críticos que exigem reformas na Igreja Católica estão insatisfeitos.

Bento XVI inicia na quinta-feira (22) sua terceira visita à Alemanha desde que foi eleito papa: a primeira foi em 2005, para a Jornada Mundial da Juventude, e a segunda em 2006, quando visitou a Baviera, o estado alemão onde nasceu.

Desta vez, ele desembarca em Berlim, em sua primeira visita de caráter oficial. Mesmo assim, sua passagem pelo país não será considerada uma visita de chefe de Estado.

Visita indesejada

Após conversas com o presidente da Alemanha, Christian Wulff, e com a chanceler federal alemã, Angela Merkel, Bento XVI discursará perante o Parlamento. Esta será a primeira vez que um líder religioso falará no Bundestag, o que gerou protestos no país.

Aproximadamente cem deputados da oposição, entre estes do Partido Social Democrata, dos verdes e de A Esquerda, já anunciaram que não ouvirão o pronunciamento no Bundestag. Para eles, o Parlamento não é o lugar para discursos de líderes religiosos. O deputado do Partido Verde Christian Ströbele diz que "se vamos começar com isso, com a recepção de líderes religiosos e de Igrejas no Parlamento alemão, onde é que vamos parar?"

Durante a visita do papa à capital alemã, cerca de 20 mil pessoas, segundo os organizadores, pretendem protestar contra o que chamam de "falsa moral" da Igreja em relação à sexualidade. Entre os manifestantes, estará o homossexual e deputado verde Volker Beck: "No que diz respeito aos direitos humanos e à política sexual, ele não corresponde ao que nossa Constituição exige da política. Contestar aí é algo legítimo e cada um deve decidir individualmente como fazer isso", comentou Beck.

Bento XVI, de 84 anos, se diz especialmente "feliz" por se encontrar com líderes da Igreja Luterana na Alemanha, justamente no convento de Erfurt, no qual Martinho Lutero, quando ainda católico, atuou como monge. A conversa entre luteranos e o pontífice deverá fortalecer o diálogo ecumênico entre as duas vertentes cristãs, quase 500 anos após o cisma que dividiu a Igreja Católica.

Escândalo de pedofilia

Católicos leigos, mas também o clero, esperam explicações do papa a respeito dos casos de pedofilia contra menores nos bastidores da Igreja, sejam estes recentes ou antigos. Bento XVI já se reuniu com vítimas de abuso sexual tanto nos EUA quanto no Reino Unido.

Isso deve acontecer na Alemanha também, embora nem local nem o horário tenham sido divulgados. Hannelore Bartscherer, presidente da Comissão dos Católicos, em Colônia, acredita ser necessário "que o papa diga algo a respeito. As vítimas esperam que ele sempre se pronuncie, em plena consciência, sobre o assunto", disse ela.

Com informações da Deutsche Welle