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Coreias discutiram questão nuclear na China

As Coreias do Sul e do Norte mantiveram nesta quarta-feira uma segunda rodada de conversações, qualificada de "construtiva e útil" e que prenuncia a retomada do processo multilateral para a desnuclearização da península coreana.


O norte-coreano Ri Yong Ho (à esq.) cumprimenta o sul-coreano Wi Sung-lac, em Pequim/ Foto:AP

Os representantes da área nuclear dos dois países se reuniram em Pequim, como já havia ocorrido dois meses atrás, num sinal de degelo nas relações após uma grave crise no ano passado.

"Conversamos sobre questões nucleares, e isso é parte do nosso esforço para retomar as negociações a seis partes. Vamos continuar a fazer esses esforços no futuro", disse o sul-coreano Wi Sung-lac a jornalistas, segundo relato da agência de notícias Yonhap, da Coreia do Sul.

Mas não houve solução no impasse a respeito de qual seria o ponto de partida para uma nova rodada do processo multilateral, que envolve também China, EUA, Japão e Rússia.

O norte-coreano Ri Yong-ho ecoou as declarações de Wi, dizendo que o encontro foi "construtivo e útil". Ele insistiu, no entanto, que o processo multilateral deveria ocorrer sem pré-condições.

Coreia do Sul e Estados Unidos insistem que a Coreia do Norte deveria de antemão suspender suas atividades nucleares, inclusive seu programa de enriquecimento de urânio, e permitir a presença de inspetores nucleares internacionais no país.

Especialistas dizem que o processo está a caminho de ser retomado, mas que isso só deve ocorrer no ano que vem. "Este é o começo do que deve ser um longuíssimo processo", disse à Reuters um diplomata que trabalha na Coreia do Norte.

As relações entre as duas Coreias chegaram ao seu nível mais baixo em 20 anos, depois do rompimento da rodada anterior do diálogo multilateral. No ano passado, o governo sul-coreano também culpou o Norte pelo naufrágio de um navio militar, acusação que os norte-coreanos rejeitam. Meses depois, Pyonghyang respondeu a disparos contra suas águas territoriais feitos pelo Sul a partir de uma ilha próxima à fronteira marítima.

O Seul reportou quatro mortos e vários feridos devido à troca de tiros, que a República Popular Democrática da Coreia qualificou de provocação instigada pelos Estados Unidos. Esse episódio foi seguido por várias manobras navais por parte da Coreia do Sul, que agravaram a situação.

Sob pressão de seus principais aliados – EUA e China – para acalmarem as tensões, as duas Coreias esboçaram neste ano passos para retomar o diálogo regional, que tem como objetivo conceder benefícios políticos e econômicos à Coreia do Norte em troca do desarmamento.

Em julho, representantes da área nuclear das duas Coreias reuniram-se pela primeira vez em dois anos. Uma semana depois, ocorreu um encontro entre funcionários de primeiro escalão dos EUA e da Coreia do Norte.

Com AFP