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Ocupar Wall Street: internet convoca e cobre protestos

Os protestos de massa vistos na Espanha, Egito e em vários outros países chegaram à capital econômica do mundo, Nova York. O movimento articulado pela internet e com apoio do grupo de hackers Anonymous e de vários outros coletivos vem ocupando uma praça próxima à bolsa de valores de Wall Street desde sábado, 17, para protestar contra a “cobiça, a corrupção e os cortes orçamentários no país”. Reunido sob a hashtag #OccupyWallStreet, o grupo diz não ter líderes.

Também afirma que não arredará os pés das ruas até que suas reivindicações por uma democracia mais participativa sejam atendidas.

As primeiras noites da ocupação, iniciada no último sábado (17), foram mornas principalmente porque os manifestantes foram deslocados para um ponto não tão próximo à bolsa de valores, o que esfriou um pouco os ânimos. Os manifestantes passaram a primeira noite acampados em Trinity Place, a 300 metros de Wall Street. No entanto, com o aumento da aglomeração no local e da cobertura da imprensa, começaram a surgir as primeiras acusações de abuso de violência policial – diversos manifestantes foram presos e muitos outros relataram agressões físicas – e de ações pontuais da prefeitura para bloquear o ato político.

Os excessos foram filmados e colocados no YouTube. Além das prisões violentas, um dos vídeos mostra um policial filmando os rostos dos acampados, provavelmente para identificá-los no futuro. Quando uma cidadã pergunta o porquê do registro, o oficial não se sente obrigado a responder e mantém o silêncio.

Segundo o site Think Progress, ligado à organização dos protestos, a repressão também teria começado na esfera digital. Segundo o site, vários manifestantes teriam notado que o Yahoo bloqueava mensagens relacionadas ao #OccupyWallStreet do seu serviço de e-mails, provavelmente em colaboração com a polícia nova-iorquina. Um vídeo mostra o suposto bloqueio.

Alguns meios de comunicação norte-americanos começaram a cobrir o protesto depois de uma recepção tímida no final de semana, mas não parecem ainda ter captado o real espírito do ato. A melhor cobertura está sendo feita de forma independente, em sites como Global Revolution e em blogs ligados ao Anonymous e a grupos de esquerda, que fazem transmissões ao vivo durante o dia e postam vídeos editados durante a noite. A melhor forma de acompanhar as novidades é pelo próprio Twitter, através da hashtag do movimento.

No mais, há um total blecaute midiático sobre o movimento. Fox News, CNN e MSNBC, os três principais canais de notícias da TV a cabo, não noticiaram nada. As quatro principais emissoras da TV aberta, ABC, CBS, FOX e NBC, também não. Na seção de tecnologia de seu site, a CNN deu uma bizarra matéria que dizia que o movimento “tentava imitar o Irã“. O New York Times não deu uma linha no jornal propriamente dito, mas só uma notinha no blog.

Dada a acumulação de revolta contra o capital financeiro nos EUA, o movimento tem muito potencial Dada a acumulação de revolta contra o capital financeiro nos EUA, o movimento tem muito potencial para crescer. Pode ser que fique interessante a coisa, declarou Idelber Avelar, na revista Forum.

Pra quem quer acompanhar o que está acontecendo, já que esse evento não está sendo televisionado: http://www.livestream.com/globalrevolution

Fonte: Agências