Mugabe critica na ONU ingerência estrangeira na Líbia
O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, advertiu na sexta-feira (23) sobre a má interpretação do princípio da responsabilidade de proteger as populações, referindo-se à agressão desatada pela Otan e pelas forças imperialistas contra a Líbia.
Publicado 26/09/2011 17:06
Num discurso proferido no debate anual da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, Mugabe considerou que este princípio "não deveria ser implementado de modo arbitrário ou injusto para atacar um outro país".
"O princípio não deverá ser pervertido para servir de pretexto para uma violação premeditada do princípio universal sagrado de não ingerência nos assuntos internos de um país, pois isto equivale a um ato de agressão e de destabilização de um país soberano", martelou.
O estadista zimbabuano afirmou que "aplicar de modo seletivo e arbitrário este princípio de responsabilidade de proteção apenas prejudica a sua aceitabilidade geral".
A seu ver, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU têm a grande responsabilidade de garantir a aplicação correta desta disposição.
Mugabe disse que a situação na Líbia, onde o Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan) incorreu em "ataques aéreos flagrantes, ilegais, brutais e desumanos", é uma perfeita ilustração disso.
Sublinhou igualmente que "após mais de 20 mil saídas para ataques aéreos da Otan que alvejaram cidades líbias, das quais Tripoli, assiste-se agora a uma incrível e vergonhosa corrida dos países desta instituição ocidental para o petróleo líbio, o que, a seu ver, indica que o motivo verdadeiro da sua agressão contra a Líbia é "controlar e apoderar-se dos seus imensos recursos petrolíferos".
Num outro registo, Mugabe afirmou: "nós na África, estamos igualmente preocupados com as atividades do Tribunal Penal Internacional (TPI), que parece existir apenas para os presumíveis criminosos dos países em desenvolvimento no mundo, na sua maioria africanos ".
"Os líderes dos países ocidentais culpados de crimes internacionais, tais como o ex-presidente americano, George W. Bush (de 2001 a 2009), e o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair (de 1997 a 2007), são realmente ignorados. Uma tal justiça seletiva diminui a credibilidade do TPI no continente africano'', sublinhou o presidente zimbabuano.
Efetivamente, os países membros da ONU adotaram o princípio que tem como objetivo proteger as populações contra o genocídio, os crimes contra a humanidade, os crimes de guerra e a limpeza étnica, durante a cúpula mundial em 2005.
Fonte: Panapress