PCdoB defende a Política de Trabalho Decente para Salvador

O professor e secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia, Nilton Vasconcelos, foi o convidado do quinto encontro do ciclo de debates sobre cidades, organizado pelo PCdoB em Salvador e a Fundação Maurício Grabois. Geração de emprego e renda foi tema do evento realizado no Hotel Sol Barra, na manhã desta segunda-feira (26/9). A deputada federal e pré-candidata do PCdoB à prefeitura de Salvador, Alice Portugal, também participou do debate.

Com taxa de desemprego de 15,1% em sua região metropolitana, o tema da geração de emprego e renda é fundamental na construção de qualquer programa de governo para Salvador. “Este é um assunto muito importante. Por isso, trouxemos o secretário Nilton Vasconcelos, que já foi secretário de Trabalho em Salvador e hoje é o gestor da pasta em nível estadual. Desta discussão surgiram ideias e propostas que serão muito úteis na elaboração do discurso político para a cidade, no que diz respeito a emprego e renda na capital do desemprego. A nossa pré-candidata já demonstrou ter muita afinidade com o tema. E tendo a Secretaria de Trabalho à frente um comunista, isto vai ser muito útil para o PCdoB para fazer propostas para a cidade no que diz respeito a este tema”, ressaltou o presidente do PCdoB em Salvador, Geraldo Galindo.

Em sua exposição, Nilton Vasconcelos falou sobre a importância de se fazer uma discussão mais ampliada sobre geração de emprego e renda em Salvador, que tem cerca de 1 milhão de pessoas, a maioria da população economicamente ativa, empregadas nos setores de serviço e comércio. “É preciso discutir além do emprego. O número de desempregados na Região Metropolitana de Salvador (RMS) vem caindo a cada mês, mas ainda temos a maior taxa entre as seis regiões metropolitanas pesquisadas. O que nós achamos, é que precisamos aprofundar os estudos e gerar mais oportunidades. Se o setor de comércio e serviço é tão importante assim, é preciso qualificá-lo. Queremos mais empregos sim, mas não apenas empregos de baixa qualificação, o que significa investir mais em empregos da área de informática e TI e não apenas em telemarketing, que é um emprego de baixo valor agregado”, disse.

Agenda soteropolitana

“Defendo a ideia de uma agenda soteropolitana do trabalho decente. Isso significa que precisamos dar um pouco mais de atenção ao problema do trabalho infantil, que é muito pouco falado aqui, mas que cada sinaleira nós observamos as crianças buscando algum tipo de ganho. Tem também a diferença entre homens e mulheres. A taxa de desemprego entre as mulheres é quase o dobro da dos homens. A RMS tem uma particularidade, sendo a que tem maior participação das mulheres na população economicamente ativa entre as regiões metropolitanas pesquisadas. Tem que se desenvolver políticas, seja através do emprego formal ou de outras ações, incorporar estes trabalhadores e trabalhadoras no mercado de trabalho”, acrescentou Vasconcelos.

Para o secretário do Trabalho da Bahia, a agenda soteropolitana do trabalho decente deveria enfrentar não apenas a questão da quantidade, da necessidade de geração de mais oportunidades, mas também de qualidade. Para que o trabalho seja desenvolvido em condições de segurança, com equidade – entre homens e mulheres, de pessoas com deficiência – para que todos tenham a mesma oportunidade no mercado de trabalho. “Acho este debate muito importante e vem contribuir para que a gente continue avançando em termo de indicadores do trabalho na Bahia e na RMS”, avaliou Nilton Vasconcelos.

A criação de uma agenda do trabalho decente para Salvador também foi defendida pela deputada Alice Portugal. “A luta contra o trabalho escravo, a erradicação do trabalho infantil, a equidade, especialmente entre mulheres e homens, negros e não negros são os princípios basilares para a criação desta agenda, que fará parte do nosso programa. Fizemos aqui uma menção às estatísticas de que Salvador não é mais a capital do desemprego, mas é a região metropolitana com maior número desempregados entre as seis pesquisadas. Este é um problema importante, porque mesmo que a gente gere postos de empregos em Salvador, nós receberemos a migração do cinturão de pobreza da RMS e todo nosso programa deve ser calçado em um projeto soteropolitano”, declarou a parlamentar.

Alice defendeu ainda a necessidade de zonear a cidade para as suas vocações. “As vocações para o micro crédito atuar e você gerar emprego, renda, e pequenos empreendimentos que possam abrigar esta mão de obra. Ao mesmo tempo, treinando esta mão de obra com programas estaduais e federais, como o Pronatec. Eu sou a favor também da atração de indústrias limpas e não poluentes para a cidade e que possam ao mesmo tempo potencializar a indústria criativa, da cultura, da arte, a indústria dos nossos tecidos e estampas afro-brasileiras, a fita do Senhor do Bonfim, o alimento, dentre outros. Tudo isso pode ser fomentado com planejamento e acredito que possamos tirar daí grandes ensinamentos para este programa de governo. Nós temos um potencial muito grande que só precisa ser oportunizado à nossa população”, concluiu a pré-candidata da PCdoB à prefeitura de Salvador.

De Salvador,
Eliane Costa