Sobe em quase 70% o número de mortes no trânsito

Com o aumento de acidentes no trânsito, provocados, sobretudo, pelo fim do funcionamento dos equipamentos de fiscalização eletrônica, a conscientização dos condutores tem se mostrado como uma necessidade cada vez mais urgente na cidade de Aracaju. Apesar da insistência do poder público em discutir a segurança de motoristas e pedestres, a exemplo dos momentos promovidos durante a Semana Nacional do Trânsito, as estatísticas evidenciam o aumento da violência no trânsito da capital sergipana.

Trânsito - André Moreira

A Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) realizou um comparativo do número de acidentes registrados entre os meses de abril e agosto de 2010, quando ainda havia fiscalização eletrônica, e o mesmo período deste ano. Realizada nas 17 vias mais movimentadas da cidade, a análise evidenciou um aumento de 37,7% no total de acidentes após a retirada dos equipamentos eletrônicos que fiscalizavam a velocidade e o desrespeito ao sinal vermelho dos semáforos. O total saltou de 995 no ano passado para 1371 em 2011.

O comparativo expõe uma situação ainda mais preocupante. Com o aumento da velocidade de tráfego, a gravidade dos acidentes também aumentou. O número de pessoas vitimadas no trânsito aumentou em 56,5%, passando de 523 para 819. Já o número de vítimas fatais cresceu em 66,6%. Nos dois principais corredores de deslocamento de Aracaju, que são a Avenida Beira-Mar e a Tancredo Neves, por exemplo, não houve mortes em 2010 e este ano, em cada uma delas, três mortes foram registradas.

"O problema é tão complexo que precisa ser resolvido por todos nós não apenas pelos órgãos gestores de trânsito. É preciso que cada pessoa tome pra si a responsabilidade", afirma o major Paulo Paiva, diretor de Trânsito da SMTT. "Quanto mais nós mobilizarmos a sociedade em torno dessa situação mais próximos nós estaremos de solucioná-la", ressalta. Foi com esse propósito de mobilização que a Prefeitura Municipal de Aracaju promoveu na semana passada o projeto ‘Rua Viva', integrando as comemorações da Semana Nacinal de Trânsito e do Dia Mundial Sem Carro.

Conscientização

A Semana de Trânsito teve uma programação vasta que procurou motivar a sociedade a discutir a segurança no trânsito. Além de caminhada, passeio ciclístico, palestras e seminários, também foram incluídas campanhas na programação, a exemplo da ‘Chega de Acidentes', que foi realizada todos os dias em locais de grande visibilidade da cidade. Além de tudo isso, o Comitê Municipal de Mobilização pela Saúde, Segurança e Paz no Trânsito (COMSEPAT), formado por mais de 40 entidades, tem trabalhado em parceria na tentativa de conscientizar os condutores e combater os acidentes e mortes no trânsito.

"As pessoas estão cada vez mais ousadas e insensíveis ao controle da velocidade, apesar da campanha permanente que a Prefeitura de Aracaju vem realizando juntamente com a COMSEPAT", assegura Paulo Paiva. "Obedecer aos limites de velocidade é crucial para que haja segurança no trânsito, independentemente da presença da fiscalização. Mas, lamentavelmente, há uma parcela da população que só entende a fiscalização como modo efetivo de se educarem e mudarem seus comportamentos no que diz respeito ao trânsito", observa.

Fiscalização eletrônica

Segundo o diretor de Trânsito da SMTT, a superintendência já está autorizada pelo prefeito a realizar uma nova licitação para que seja recontratada a fiscalização eletrônica, e os técnicos do órgão já trabalham na elaboração de um novo edital. Nele, haverá um referencial readequado aos questionamentos feitos pelo Tribunal de Contas do Estado e pelo Ministério Público de Sergipe quanto ao contrato rescindido pelo prefeito Edivaldo Nogueira em março.

Para reforçar o trabalho de conscientização durante este período em que os radares e foto sensores semafóricos não funcionam, a SMTT contratou 50 orientadores de trânsito para completar o quadro do órgão, que já dispõe de 72 agentes. O major Paiva, no entanto, pede a participação de toda a sociedade nos esforços para reduzir o número de acidentes e de vítimas fatais e não fatais no trânsito aracajuano. "A observação às regras de trânsito é responsabilidade de todos e de cada um, ainda que se esteja em um local onde não haja fiscalização", lembra.

"Com informações da Agência Aracaju de Notícias"