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EUA: geração abandonada quer ajuda de Wall Street

 “Eu acho que vou acabar me tornando um sem-teto”, diz Matt Kitchens. Natural de Alabama, Matt está acampado em Wall Street junto com centenas de outros jovens igualmente inseguros em relação ao futuro. E desempregados no presente. Espécie de “geração abandonada”, o grupo aderiu ao movimento Occupying Wall Street, em busca de uma “voz” para as suas demandas.

 A  história de Matt, 20 anos, é emblemática: concluiu o ensino médio e, desde então, vem passando de emprego para emprego sem conseguir estabilidade. Há seis meses foi dispensado de uma cafeteria e agora está em Wall Street.

Duas estudantes de Ithaca, em Nova York, Marie Spoelstra e Sarah Richards estão no acampamento em protesto à “cobiça das corporações”, diz Spoelstra, 20, socióloga. Se colega, Richards, que trabalha servindo lanches na Subway, acrescenta: "Nós trabalhamos duramente e não nos sentimos realizados. Estamos cansados de dar sem obter nada tem troca, estamos cansados de ver tudo sendo tirado de nós”.

Esmeralda, presidente do conselho de jovens de Mid Manhattan NAACP, e dois amigos estão acampados juntos. Esmeralda, 17, diz que já fez "um monte de estágios, mas nunca teve um emprego de verdade”. Ela e seus amigos, Chilligan, 19, and Nicole, 20, estudam no mesmo colégio e costumam ir para a praça em frente da escola todos os dias após as aulas.

Nicole Angelo tem curso superior e, com 23 anos, nunca mais conseguiu emprego desde que o escritório em que trabalhava fechou, em 2009: “Isso está acontecendo com todo mundo”, diz Angelo. E reivindica: “O sistema precisa mudar. Onde está a nossa voz no governo?”

Desde que está acampada em Wall Street, a jovem pega de vez em quando o trem até a casa dos pais, em Westchester County, para tomar banho e checar e-mails. Diz que se sente confortável no local, dirigindo um olhar para a área da “cozinha”: “Há sempre comida quente”, garante.

Toda uma área do parque “ocupado” pelo movimento está destinada ao recolhimento, preparo e distribuição de alimentos. Dave Anthony está colocando sanduíches em uma mesa. Diz que trabalha toda tarde como chef, nos demais horários está no acampamento. Ele está pagando a bolsa de estudos que bancou seus estudos de chef, reclama: “Eu pago todo mês, mas a dívida não diminui. Acho que Wall Street deveria nos ajudar”. Continua: “Um monte de pessoas aqui está em débito, principalmente com bolsas de instituições de ensino. Alguns são sem-teto. Nós queremos um futuro para nós e nossas crianças”.

Anthony diz que é muito gratificante ver pessoas protestando por seus direitos e explica: “Eu estava esperando há muito tempo por uma oportunidade dessas”.

Christiane Marcondes, do Portal Vermelho, com informações de agência