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Propaga-se nos Estados Unidos a indignação contra Wall Street

A ponto de completar um mês com marchas, acampamentos e comícios, o movimento de protesto Ocupar Wall Street (OWS) deixou de ser uma eventual espontaneidade cidadã para conquistar um posto importante no debate político nacional dos Estados Unidos.

O próprio presidente Barack Obama e outros atores fundamentais no oficialato governamental têm prestado atenção aos milhares de voluntários, ativistas civis, sindicalistas, e delegados comunitários mobilizados em dezenas de cidades norte-americanas.

À margem dos comentários do mandatário democrata, é um fato que os protestos organizados sob o lema de Occupy Wall Street refletem a frustração do povo estadunidense, afetado pela pior crise econômica desde a Grande Depressão de 1930.

O movimento cívico resume queixas populares ante as causas e efeitos da recessão industrial. Seus rostos mais visíveis são cidadãos comuns e singelos, a maioria deles não se sentem representados nas atuais instituições federais.

Ocupar Wall Street pede atenção para a grande parcela de norte-americanos que não são ouvidos pela Casa Branca e que, sobretudo, são menosprezados pela imensa teia de aranha financeira integrada pelas grandes corporações e os megabancos, virtuais donos da mídia estadunidense.

Versões da imprensa internacional comparam os protestos iniciados em frente à Bolsa de Nova York com as mobilizações cidadãs da Praça do Sol, em Madri, daí o sobrenome generalizado de Indignados de Wall Street.

A verdade é que a organização já ganhou o respaldo de importantes sindicatos estadunidenses, e no ano eleitoral 2012 poderá funcionar como uma entidade inspiradora de votos democratas, além de um contrapeso frente ao conservador Tea Party.

O chamado Partido do Chá parece estar correndo perigo. Diante da pujança de seu potencial rival nas ruas e urnas, publicou uma mensagem em sua página da Internet onde tenta desqualificar as ações dos Ocupas como "frenéticas e divisórias".

Também os líderes republicanos John Boehner, Eric Cantor, Herman Cain, e até um personagem quase aposentado como Newt Gingrich, se somaram aos ataques verbais contra o grupo OWS, ao que denominam uma "multidão irresponsável de hippies ciumentos e mal-educados".

Occupy Wall Street denuncia a desmedida cobiça dos banqueiros em coincidência com um programa da administração Obama dirigido a incrementar impostos aos superricos, enquanto os debates no Congresso são intensos ao redor desse projeto de lei.

O movimento emergiu no último 17 de setembro, menos de seis semanas depois que os Estados Unidos esteve a ponto de declarar uma moratória de pagamentos, pela primeira vez em sua história, por culpa de paralisia parlamentar a respeito do problema do teto da dívida.

Surge em uma etapa quando o processo eleitoral norte-americano começa a transitar para os meses de pleno apogeu proselitista, e quando do Gabinete Oval Barack Obama observa com preocupação como sua popularidade se move para baixo e sem previsão de alta. Dentro desse panorama, de relativo desconcerto político-ideológico naciona,l estão propostas as atuais apostas sobre o futuro do foro que recomenda Ocupar Wall Street.

Sua presença reformista já deixa entrever nos principais enclaves metropolitanos de Nova York, Washington, Boston, Filadelfia, Los Angeles, Chicago, Miami, Dallas, e outras cidades destacadas. A polícia encarcerou centenas. Porém, a mobilização continua de pé e fortalece-se.

Na segunda-feira passada o magnata do hip-hop Russell Simmons, a estrela musical do mesmo gênero, Kanye West, e o reverendo Al Sharpton somaram-se à causa OWS.

Os representantes do partido azul (Democrata) vão ponderando posições. O Comitê de Campanha Democrata difundiu uma petição exortando as pessoas a apoiarem os protestos e enviar uma mensagem clara à "insensata liderança republicana". Os correligionários de Obama pretendem pescar em rio revolto.

"Os bancos não tomarão mais nossas casas. Não roubarão os estudantes. Não destruirão mais o meio ambiente. Não financiarão a miséria da guerra. Os bancos não causarão mais desemprego em massa", é a sentença capital dos que ocupam Wall Street.

A sorte está lançada. O eco ressoa de costa a costa.

Fonte: Prensa Latina