O que o turista estrangeiro pensa do Brasil

A Embratur, juntamente com o Ministério do Turismo, divulgou nesta semana pesquisa feita com 32 mil turistas estrangeiros que vieram ao Brasil durante o ano de 2010. Os resultados são animadores para um país que se joga ao desafio de sediar dois dos maiores eventos de nosso planeta: a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Mas também apontam para alguns ajustes que precisamos fazer para estarmos à altura desse desafio.

O dado que nos dá maior confiança quanto ao sucesso do turismo no Brasil é que 96% dos entrevistados manifestam desejo de voltar ao país. De fato, 68% dos estrangeiros que aqui vieram no ano passado já o faziam pela segunda vez. Esse extraordinário índice de fidelização mostra que, ao atrair um grande número de novos turistas para a Copa e as Olimpíadas, temos todas as condições de criar um novo patamar para o turismo brasileiro. Atualmente, recebemos pouco mais de 5 milhões de turistas/ano. Para o ano da Copa, são esperados 7,2 milhões.

Outro dado animador é que nosso povo é o principal atrativo turístico do Brasil: 97,8% dos entrevistados elogiam nossa hospitalidade. Na liderança do ranking de aprovação também estão quesitos como Taxis e Gastronomia.

Nossa bela natureza é cada vez mais um atrativo turístico: 26,9% dos estrangeiros que vieram ao Brasil por lazer estavam buscando os chamados ecoturismo ou turismo de aventura. Esse resultado representa um crescimento em relação aos últimos anos. Em 2005, eram 19,3% os interessados nesse segmento.

Essa informação reforça uma imensa oportunidade ao turismo de nosso Estado, tão notavelmente marcado pela beleza de paisagens como as da Ilha de São Luís, dos Lençóis Maranhenses, da Chapada das Mesas, entre tantos exemplos.

Se, por um lado, a pesquisa mostra onde estamos bem, também aponta para quesitos em que precisamos melhorar. Sinalização Turística recebe uma das menores avaliações positivas, com 76,5% de aprovação. Não é para menos. Na maioria de nossas cidades turísticas faltam placas com informações em inglês e, muitas vezes, até mesmo em português. Rodovias, Telefonia e Internet também estão entre os itens com avaliação mais baixa. Felizmente ainda temos tempo de corrigir esses problemas até a Copa do Mundo de 2014, com maciços investimentos previstos para os próximos anos. 

Contudo, é justamente nos Preços que está nosso maior desafio. Mesmo considerando o redesenho da questão cambial – em face da recente desvalorização do real –, é necessário implementar uma agenda de competitividade para o setor. Por exemplo, estão em discussão no Congresso Nacional propostas que incluem o turismo no programa Brasil Maior, oferecendo benefícios fiscais ao setor. Na minha visão, é uma iniciativa positiva, na medida em que levará ao debate acerca dos caminhos conducentes ao crescimento da nossa participação no mercado turístico internacional, ainda inferior a 1%. Aumentar a nossa fatia nesse bolo contribuirá para a geração de oportunidades de trabalho em praticamente todo o território nacional. Logo, isso é muito importante.

Flávio Dino – Presidente da Embratur