Empresa comprava lixo hospitalar dos EUA para revender no Brasil

No início de outubro a Receita Federal apreendeu dois contêineres com 46 toneladas de "tecido de algodão com defeito". Em um deles havia também seringas, catéteres e luvas usadas. Todos saíram do porto de Charleston, na Carolina do Sul, para a empresa Na intimidade Ltda, com sede em Santa Cruz do Capibaribe (PE). Os tecidos importados de hospitais norte-americanos com manchas similares às de sangue e secreções humanas eram vendidos a quilo no Brasil.

A loja e um galpão da empresa – cujo nome de fantasia é Império do Forro de Bolso – em Toritama foram interditados. Um outro galpão, em Caruaru, com o mesmo nome, foi arrombado pela polícia civil em 17 de outubro, com cerca de 15 toneladas de lençóis sujos, com manchas. O dono da empresa, Altair Teixeira de Moura, alega inocência.

Nesta segunda-feira (24), O Ibama determinou que o empresário devolva as 46 toneladas de lixo classificado como hospitalar. Altair deve arcar com os custos da devolução. Além disso, o Ibama autuou a empresa dele em R$ 6 milhões por danos causados ao meio ambiente.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), disse nesta terça-feira (18) não ser justo que todo um polo de confecções que emprega 150 mil pessoas seja prejudicado pela ação de "um bandido dos Estados Unidos e um bandido daqui". "São 22 mil empresas no polo de confecção e uma só cometeu este delito", afirmou ele.

Campos apontou falha na fiscalização nos Estados Unidos "com a saída de uma mercadoria que não devia ter saído". "Houve crime nos Estados Unidos", afirmou, ao lembrar que no porto de Suape, mesmo com a checagem das mercadorias por amostragem, o trabalho da Receita Federal permitiu que o crime fosse descoberto.

De acordo com o governador, todo material importado identificado como tecido passará por rigorosa fiscalização a partir de agora.

Ajuda do FBI

Com base na avaliação de infectologistas, o governador frisou que o consumidor que veio a comprar roupas feitas com o material que entrou ilegalmente no país não corre nenhum risco. Pregou punição para a empresa importadora.

O governo de Pernambuco também solicitou a colaboração do Federal Bureau of Investigation (FBI), a Polícia Federal dos Estados Unidos, na apuração das denúncias. O secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, fez o pedido ao cônsul dos Estados Unidos no Nordeste, Usha Pitts.

De acordo com Damásio, “o governo norte-americano está disposto a colaborar no que for possível”. Ainda segundo o secretário, além do FBI, a agência ambiental norte-americana poderá enviar um representante ao país para auxiliar os trabalhos das autoridades sanitárias locais. “A colaboração das autoridades dos EUA é essencial para o avanço e agilidade das investigações”, declarou.

Da Redação, com agências

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