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Síria e Liga Árabe entram em acordo para prosseguir diálogo

O presidente sírio, Bashar al-Assad, e uma delegação ministerial da Liga Árabe, dirigida pelo premiê e chanceler do Catar, Hamad bin Jassim al-Thani, concordarem nesta quinta-feira em dar prosseguimento, no próximo dia domingo (30) o diálogo iniciado em Damasco.

Na tarde da quarta-feira, Al-Assad recebeu Al-Thani e uma delegação integrada pelo secretário geral da Liga, Nabil al-Arabi, seu adjunto, Ahmad bin Hili, e os ministros do Exterior do Egito, Sudão e Argélia, para discutir sobre a situação interna síria.

As partes qualificaram o encontro de franco e cordial, segundo noticiaram vários meios de comunicação nesta quinta.

Alguns países da Liga Árabe, entre eles Catar e Arábia Saudita, tentaram no último domingo (16) suspender a Síria da organização, mas a tentativa fracassou.

Optaram, então, por propor a Damasco que iniciasse um diálogo com a oposição, dando um prazo de 15 dias, segundo disseram, para solucionar os problemas internos na Síria, cujas autoridades reiteram que são provocados a partir do exterior.

O país é alvo de uma intensa campanha agressiva, nos planos político e econômico, interpretada em Damasco como uma ofensiva para desestabilizar o país debilitar o governo por sua defesa à resistência árabe e apoio à causa palestina, basicamente.

O governo sírio viu com reservas a proposta da Liga, mesmo assim aceitou receber a delegação do organismo regional com sede no Egito, procurando assim obter o entendimento regional.

Em declarações à imprensa local, o premiê e chanceler catariano, Hamad bin Jassim al-Thani, descreveu o encontro com Al-Assad como longo, sério, franco e em uma atmosfera cordial. "Sentimos-nos comprazidos de ter conversado com o Presidente Al-Assad", afirmou.

O encontro coincidiu com uma gigantesca manifestação de mais de um milhão e meio de pessoas em Damasco para celebrar o Dia da Árvore da Família, que se converteu em uma contundente expressão de apoio ao governo sírio. Outras concentrações ocorram também em vários pontos do país.

Al-Thani disse que todos os tópicos incluídos na chamada iniciativa árabe foram tratados. "Sentimos que existe um compromisso do Governo sírio de conseguir uma solução nesta questão junto com o Comitê Árabe, portanto concordamos em voltar a nos reunir no dia 30 de outubro", explicou.

Mencionou, também, a possibilidade de outro encontro em Damasco ou à margem do Comitê da Conferência sobre a Iniciativa de Paz em Doha, mas restam algumas coordenações, assinalou.

O xeque catariano acrescentou que as partes envolvidas concordaram em vários pontos, mas outros requerem mais discussão, sem entrar em detalhes sobre quais seriam.

"Queremos conseguir resultados, por isso decidimos manter em segredo estes assuntos até que cheguemos ou não a um acordo", indicou. Mesmo assim, expressou otimismo: "atingiremos uma solução prática a partir da seriedade desta reunião", disse.

Al-Thani afirmou que o interesse comum é que termine o confronto e a violência e não hajam mais vítimas de nenhum lado.

Nos últimos meses, grupos armados lançam ataques destruidores e terroristas contra instituições públicas e cidadãos civis. O governo sírio afirma que esses grupos são financiados a partir do exterior, de acordo com confissões de líderes capturados.

Quase diariamente circulam informes de mortes e feridos entre as forças de segurança e do exército sírio, assim como informa-se de assassinatos de pessoas inocentes por esses grupos.

A ONU, que usa fontes ocidentais suspeitas, alega que cerca de três mil pessoas já morreram desde que começaram as manifestações em março, mas Damasco desmente o número, afirmando que cerca de 1.500 pessoas perderam a vida, a maioria delas pertencente aos corpos militares e de segurança.

Tais bandos operam em localidades de quatro das 14 províncias do país, Daraa, Hama, Homs e Idleb. Na quinta-feira, o líder de um desses grupos admitiu que introduzia armas a partir da vizinha Turquia.

As autoridades sírias e outras fontes consultadas pela Prensa Latina afirmam que já não ocorrem as manifestações antigovernamentais como no início da crise nos meses de março, abril, junho e julho, e que o principal problema agora é a ação terrorista desses grupos.

Com relação a isso, o premiê catariano disse que "toda forma de terrorismo é recusada em todo momento, mas, em tempo de crise, é provável que tenha gente que queira explorá-la, por isso é importante que possamos deter os confrontos e que o diálogo entre os sírios comece a dar resultados", acrescentou.

Em relação às conversas, Al-Thani disse que as autoridades de Damasco, às quais chamou de "nossos irmãos sírios", fizeram várias propostas que o comitê ministerial deverá analisar, e eles querem estudar mais a proposta feita pela delegação da Liga Árabe, estabelecendo um prazo até o dia 30 de outubro.

Com informações da Prensa Latina