Negociação: Jornais negam todas as reivindicações dos jornalistas

Numa clara falta de respeito aos jornalistas cearenses, as empresas de jornais e revistas do Ceará negaram todas as reivindicações da categoria e ofereceram a reposição da inflação de 7,39% para o piso, demais salários, Reportagem Especial e Seguro de Vida.

A terceira rodada de negociações aconteceu na última sexta-feira (28/10), após o adiamento de última hora da segunda reunião, na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-CE). Os prepostos patronais mostraram pouca disposição para negociar, ao passo em que a comissão do Sindjorce aceitou, inclusive, a manutenção da redação da cláusula dos cursos de capacitação para facilitar o acordo entre as partes.

“A contraproposta patronal é um insulto à inteligência dos jornalistas. A empresas passam longe da crise. O jornal O Povo e o Diário do Nordeste estão reformando suas sedes e lançando novos produtos comerciais e editoriais, como as revistas Buchicho Moda (maio), Cirurgia Plástica (junho), People Luxo (agosto) e Gente (outubro), só para citar as mais recentes. Ninguém põe em circulação uma publicação nova para perder dinheiro”, afirma a presidente em exercício do Sindjorce, Samira de Castro. “Parece que as empresas preferem gastar dinheiro com a reforma dos banheiros e construção de grutas de oração a remunerar dignamente seus profissionais”, destaca.

Baixos salários

“Será que o Great Place to Work (GPTW), que promove em parceria com O Povo a premiação ‘As melhores empresas para trabalhar’, sabe que o jornal paga mal seus jornalistas, negando-se a dar reajuste compatível com a qualificação do pessoal e vale refeição diário de R$ 10,00?. O discurso só cola da porta da rua para fora”, completa Samira.

Para negar o vale refeição/alimentação, o presidente do sindicato patronal, Mauro Sales, afirmou que “além da dificuldade econômica, há a questão da jornada”, alegando que a categoria não poderia fazer jus ao benefício porque a jornada de trabalho é de cinco horas/dia, podendo chegar até sete horas. “Se jornalista só trabalha na redação cinco horas e, portanto, não tem direito a vale, por que vocês querem a compensação de horas extras em banco de horas (folgas)?”, indagou o diretor executivo do Sindjorce, Evilázio Bezerra.

Nova negociação dia 5 de novembro

A próxima rodada de negociação está marcada para sexta-feira, dia 5 de novembro, na SRTE. Até lá, a presidente do Sindjorce espera que as empresas tenham bom senso e apresentem uma contraproposta que leve em consideração as necessidades da categoria. “Um jornalista de impresso hoje ganha cerca de 2,5 salários mínimos – insuficientes para manter uma família de quatro pessoas. Pelos cálculos do Dieese, o menor piso do Brasil deveria ser de R$ 2.285,83”, comenta.
 
Fonte: Sindjorce