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Manoel de Barros usa lirismo para versejar morte de personagem

Depois que Manoel de Barros (1916) editou toda sua obra em um único volume em "Poesia Completa" (Leya, 2010), lançado ao mesmo tempo que "Menino do Mato" (Leya, 2010), muitos pensaram que não veriam mais livros inéditos do autor. Ledo engano.

Manoel de Barros

O poeta brasileiro vivo mais celebrado do país está de volta e traz junto consigo uma de suas criações mais conhecidas, Bernardo, aquele que faz "encurtamento de águas" e freqüentou as páginas de "O Guardador de Águas" (presente em "Poesia Completa") e "Livro de Pré-coisas" (idem).

Desta vez, o escritor usa o seu lirismo nascido dos desencontros da língua portuguesa para versejar sobre a morte do personagem. "Deixamos Bernardo de manhã / em sua sepultura / De tarde o deserto já estava em nós." Mas o que poderia ser um triste funeral, na verdade é uma sagração. Os "Escritos em Verbal de Ave" (Leya, 2011), nome do novo volume, seriam as anotações que o morto deixou para a posteridade e com as quais os leitores terão a chance de se deliciar e deleitar-se.

A poesia de Barros é marcada por lembranças de infância e frases inusitadas surgidas de união de palavras que nunca foram pensadas para estarem juntas. Cheio de neologismos e sinestesias (mistura de sensações), o escritor é, por vezes, comparado a Guimarães Rosa (1908-1967).

Seus versos se tornaram conhecidos do grande público após o surgimento da internet, por onde suas criações mais tocantes se espalharam rapidamente. No Twitter, seu nome é citado várias vezes ao dia e mostra-se tão popular quanto autores vedete como Clarice Lispector (1920-1977) e Caio Fernando Abreu (1948-1996).

Com formato de dobradura, "Escritos em Verbal de Ave" tem lançamento previsto para o dia 25 de novembro. Uma espera ansiosa para quem gosta de se aventurar em novos caminhos e possibilidades do idioma por meio do terno lirismo "manoelístico".

Fonte: Folha.com