Publicado 10/11/2011 08:38 | Editado 04/03/2020 16:30
A presidente Dilma Rousseff tem divulgado sua determinação de “economizar na crise” e de “eliminar a pobreza absoluta” como suas duas principais prioridades para a agenda nacional.
Qualquer observador atento identifica uma aparente contradição entre a vontade de alimentar a poupança interna e a demanda por investimentos, necessária para resgatar da lama e alimentar milhões de brasileiros que estão vivendo abaixo da linha de pobreza.
Dito isso faço uma comparação simples para clarear o entendimento dessa questão: nenhum pai, nenhuma mãe, deixa de gastar com o pão e o leite que vai matar a fome do filho pelo prazer de acumular alguns trocados. Por outro lado, qualquer mãe ou pai abdica da roupa nova, da festa de aniversário, da viagem com os amigos e de pagar R$ 200 bilhões de juros em um único ano para investir na educação dos filhos.
Com essa comparação tão simples quero ressaltar a necessidade premente de elegermos prioridades e investir corretamente para conseguirmos o almejado salto qualitativo.
Concordo plenamente com a nossa presidente quando ela dirige todas as suas atenções, suas ações e recursos para a camada mais pobre da população. Até vejo nessa posição política um vetor que aponta para a solução dos nossos grandes problemas, como a violência, a criminalidade, o preconceito, a fome, o analfabetismo e outras feridas que a brutal estratificação econômica característica do capitalismo vem fabricando em nosso País.
Se o foco são os mais carentes e a dificuldade é a falta de recurso, temos que nos debruçar atrás de soluções viáveis e permanentes, o que não significa obrigatoriamente a criação de um novo imposto, mas a definição de uma macro política, da sua fonte de financiamento e de sua operacionalidade, sem os vícios que se arrastam na máquina administrativa, e com uma fiscalização que possa garantir a transformação das boas intenções em benefícios reais para o público alvo.
João Ananias é Deputado federal (PCdoB)
Fonte: O Povo