Equador discute lei para regulamentar meios de comunicação

Nesta quarta-feira (16), o Congresso do Equador debateu a aprovação da Lei de Comunicação, instrumento garantido na Constituição de 2008 e ratificado em consulta popular realizada em 7 de maio. A discussão foi retomada quase dois anos após o primeiro debate sobre o projeto que objetiva garantir o acesso à comunicação, à liberdade de informação, à democratização dos meios de comunicação. A atual lei foi criada em 1975, durante a ditadura.

A discussão, no entanto, foi suspensa pelo presidente da Assembleia, Fernando Cardero, dando espaço para o debate da reforma tributária. Na terça-feira (16), os parlamentares que se opõem ao projeto liderado pelo presidente Rafael Correa, postergaram a discussão, fato que foi classificado pelo presidente da Comissão Ocasional de Comunicação da Assembleia, Mauro Andino, como uma "traição ao povo equatoriano”.

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A criação de um conselho que regule os conteúdos de violência sexual e discriminatórios transmitidos e a proibição aos donos de meios de comunicação de investir em outros setores, como por exemplo, em bancos, são dois dos pontos mais atacados pela oposição equatoriana.
Sobre a questão, Betty Carrilo, da Comissão Ocasional de Comunicação, explicou à Agência Venezuelana de Notícias (AVN) que em nenhum caso está sendo legalizada a censura prévia: "a proposta (…) é que todos os programas estejam dentro de horários determinados".
 

Com relação aos donos dos meios de comunicação, acrescentou que querem “fugir da responsabilidade (…) regida por tratados internacionais”. E acrescentou: “acostumados a ter um poder econômico e político, a ter um monopólio da informação, não querem perder os grandes privilégios”.

Na Argentina

A Argentina possui projeto semelhante. Em outubro de 2009, foi aprovada a Lei dos Meios Audiovisuais com o objetivo impedir a formação de monopólio impondo limites à concentração e fixando cotas à quantidade de licenças por tipo de meios.

De acordo com a lei, todo o espectro radiofônico e televisivo será dividido, ficando 33% para os governos de estados e municípios, 33% para organizações sem fins lucrativos e 33% para meios universitários e educativos.

Outra questão foi a limitação do número de licenças de rádio e televisão nas mãos de um único proprietário, regra combatida com veemência pelas empresas do setor. A norma, porém, tem apoio da sociedade argentina. Segundo pesquisa realizada pelo Ibarómetro, 73% dos jornalistas do país aprovam a nova lei e 80% dos 240 entrevistados consideram haver liberdade de expressão no país.

A aplicação da lei, no entanto, está suspensa por ações judiciais apresentadas pelo grupo Clarín, maior conglomerado de meios de comunicação da Argentina. O grupo teria que abrir mão de diversas licenças para continuar operando no país.

Da redação do Vermelho, com informações de agências