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Pauta polêmica no final dos trabalhos legislativos em Brasília

Desvinculação das Receitas da União (DRU). Código Florestal. Royalties do petróleo. Lei Geral da Copa. Emenda 29. Previdência complementar dos servidores públicos. Orçamento da União para 2012. Esses são os assuntos polêmicos que estão em debate no Congresso Nacional e que, dependendo das negociações, podem ser votados ainda este ano ou adiados para 2012.

O governo está empenhado em ver aprovado até 23 de dezembro, quando começa o recesso parlamentar, a DRU, cuja vigência termina no dia 30 de dezembro próximo e não pode esperar. O orçamento de 2012 e a previdência complementar dos servidores públicos são os outros dois assuntos de interesse do governo.

As últimas semanas de trabalho prometem muitos e intensos debates. Governo e oposição devem travar uma nova disputa regimental em torno da proposta de emenda à Constituição (PEC) que prorroga a vigência da DRU, em votação no Senado. Os governistas querem inverter a pauta para votar a prorrogação da DRU ainda esta semana. A oposição insiste em votar antes a regulamentação da Emenda 29. Os líderes da base aliada, que tentaram aprovar a inversão na quinta-feira passada, sem sucesso, anunciam nova investida nesse sentido essa semana.

Negociações em curso

O governo quer ver aprovado, ainda neste ano, o projeto que institui a previdência complementar dos servidores públicos. Para convencer os partidos da base aliada ligados aos servidores – PT, PCdoB e PDT – a apoiarem a proposta, o governo aceitou a criação de fundos distintos para os três poderes, renunciando à exigência de um único fundo, e deve negociar também a elevação de 7,5% para 8,5% da participação do empregador governamental no fundo, reduzindo o percentual destinado ao servidor.

Como tramita em regime de urgência constitucional no Congresso, o projeto já está trancando a pauta do plenário da Câmara, impedindo a votação de outras matérias. A intenção do governo é tê-lo transformado em lei até abril do próximo ano.

Além de buscar solucionar o déficit do regime próprio de previdência do funcionalismo – que hoje já é maior do que o do INSS –, o projeto é visto como um caminho para o incremento da poupança interna, que pode ajudar o país em momentos de crise, como a que se avizinha no cenário externo.

Aprovação obrigatória

A Comissão Mista de Orçamento, que trata do Orçamento de 2012, está na fase final. O relator-geral, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), se reuniu, nesta segunda-feira (28), para definir a distribuição de recursos adicionais gerados pela revisão de receitas. Serão distribuídos R$5,5 bilhões entre os relatores setoriais e R$2,4 bilhões entre as bancadas estaduais.

A comissão também já disponibilizou na internet a pesquisa às emendas apresentadas ao projeto de lei do Orçamento de 2012. A pesquisa pode ser feita por autor (deputado, senador, bancada estadual e comissão temática do Congresso) ou por localidade beneficiada no site da Câmara.

O orçamento é a única das matérias que obrigatoriamente será aprovada este ano. O regimento interno diz que o Parlamento só pode entrar em recesso após votar o orçamento do exercício seguinte. Caso não seja votado, a presidente Dilma poderá fazer uma convocação extraordinária do Congresso Nacional, que sai de recesso no dia 23 de dezembro e só retorna no dia 2 de fevereiro. Serão 40 dias de folga para deputados e senadores.

Polêmicas adiadas

A votação do Código Florestal pode ficar para o próximo ano. Aprovado semana passada na Comissão de Meio Ambiente do Senado, chega à sua etapa final na Casa. A proposta deve ser o primeiro item da pauta no plenário, onde devem persistir algumas disputas remanescentes da comissão. O relator do projeto, Jorge Viana (PT-AC), fez algumas concessões para viabilizar a votação, o que desagradou alguns de seus colegas governistas.

A Lei Geral da Copa também está em sua fase final na Câmara, mas não deve ser concluída este ano. Esta semana, serão realizadas as últimas audiências públicas, na Câmara e nos estados, sobre o projeto. O relator da matéria, deputado Vicente Cândido (PT-SP), avisou que pretende apresentar seu parecer na comissão especial no dia 6 de dezembro e que a lei pode ser votada na comissão especial no próximo dia 8. As polêmicas que ainda rondam a discussão da matéria apontam para pedido de vista, o que provocaria adiamento dessa data.

O Projeto de Lei de distribuição dos royalties do petróleo é outro que deve ficar para o próximo ano. Semana passada, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), assinou o ato que cria a comissão especial para debater um parecer sobre o projeto. O início dos trabalhos da comissão depende da indicação dos nomes dos 30 titulares e 30 suplentes, o que ainda não ocorreu em todas as legendas. As vagas serão distribuídas entre os partidos de acordo com a proporcionalidade da composição da Câmara.

De Brasília
Márcia Xavier