PCdoB defende debate sobre mudanças no PDDU de Salvador

É preciso de mais tempo para estudos sobre os impactos ambientais de vizinhança e para o debate com a população. Este é o primeiro entendimento da bancada do PCdoB sobre o projeto de mudanças no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador, enviado na tarde da última sexta-feira (25/11) à Câmara de Vereadores pelo prefeito João Henrique Carneiro (PP). A Copa do Mundo de 2014 é o argumento para as alterações, mas a comunista Aladilce Souza defende maior debate sobre o tema.

O projeto de ajustes no PDDU enviado pelo Executivo à Câmara propõe alteração de uso do solo no entorno do estádio da Fonte Nova, que hoje é de uso residencial e passaria a ser também de uso comercial e de serviço. Além disso, altera o gabarito de altura em vários pontos da orla da cidade, como a Barra, Ondina, Pituba, Estela Mares e também na orla da Cidade Baixa, para a construção de hotéis para a Copa de 2014.

“No nosso ponto de vista, estas são alterações importantes no PDDU e precisam passar por um processo de discussão, como determina o Estatuto da Cidade. Nós não podemos votar um projeto destes sem fazer uma avaliação de impacto ambiental e de vizinhança, sem saber o que isso vai significar em relação ao trânsito, ao sistema de saneamento, de esgotamento sanitário,”, ressalta a líder da bancada do PCdoB na Câmara de Vereadores, Aladilce Souza.

Para a vereadora, é preciso discutir principalmente a questão do aumento do gabarito em até 50% em alguns locais. “Precisamos saber se há mesmo esta necessidade de mais leitos de hotéis. Inclusive há declarações de representantes de setores de governo e da rede hoteleira de que não é preciso, que Salvador tem um número suficiente de números de leitos de hotéis. Então, os beneficiados com isso seriam os setores imobiliários e construção civil, que teriam a oportunidade de mais investimentos e lucros”, disse Aladilce.

A preocupação da líder do PCdoB é de que a Orla de Salvador se transforme em um corredor de espigões, como acontece hoje com a avenida Paralela, como resultado do último PDDU, inclusive com construções que podem ficar ociosas. “Nossa posição é que precisa fazer audiências públicas e ver como fica o impacto ambiental com a construção de hotéis aumentando. Vê inclusive, se há a possibilidade de provocar sombra na praia, impedindo a visitação pública a lugares agradáveis da cidade”, acrescentou.

Aladilce informa ainda, que as audiências públicas deveriam ter sido realizadas pelo Executivo antes do envio do projeto à Câmara e por isso o projeto já está irregular e sob a mira do Ministério Público. “A princípio, o nosso posicionamento é de que o projeto seja desmembrado em dois, para não prejudicar as obras do entorno da Fonte Nova, que de fato tem uma grande relevância para as obras da Copa do Mundo. Seria um sobre o entorno da Fonte Nova e outro com as questões dos hotéis”, concluiu.

De Salvador,
Eliane Costa