Lula Morais saúda centenário de Crateús

Quando uma pessoa chega aos cem anos de idade a data é motivo de júbilo para todos. Um centenário, para os seres humanos, é uma longevidade com a qual a maioria de nós sequer pode se dar ao luxo de sonhar.

Com as cidades é diferente. Elas nascem de um gesto de amor e prosperam no território da esperança. São entes vivos que, assim como as pessoas, têm infância, crescimento e maturidade. Mesmo em um país jovem como o Brasil, as cidades centenárias são ainda crianças a engatinhar no rumo do futuro.

Crateús é uma destas cidades-criança, sonhando com o seu futuro mas, espelhando-se no seu rico passado, construindo este futuro em um presente que certamente, na passagem do seu centenário, terá um lugar de destaque nos inúmeros feitos deste lugar.

Se a cidade é centenária, a formação do seu povo vem de bem antes. Crateús é filha legítima dos sertões, herdeira de índios, de brancos e negros, uma autêntica cidade mestiça, uma cidade brasileiríssima, com um povo original e uno na sua diversidade, no dizer do mestre Darcy Ribeiro.

A pequena povoação de Piranhas, a modesta vila de Príncipe Imperial, ainda pertencente ao Piauí, veio nascer mesmo foi nas terras do Ceará, para florescer durante todo o século vinte e adentrar a primeira década do século vinte e um com a esperança do seu povo de construir, em Crateús, um lugar digno e bom para se morar, um lugar onde os seus cidadãos tenham orgulho de viver.

Crateús celebra o seu passado com muito orgulho. Nos seus sertões os indígenas resistiram à opressão e deram mostras sem conta de bravura e de amor à liberdade. Nas suas terras o negro escravo enfrentou o jugo vergonhoso e construiu os seus lugares de fuga e de liberdade. Cortando o seu território, os trilhos da estrada de ferro se estenderam ligando o Ceará ao Piauí, trazendo com eles o sonho do progresso. Por este mesmo chão, hoje palmilhado pelos crateuenses, a bandeira da liberdade circulou altaneira nas mãos dos soldados da Coluna Prestes, comandados pelo capitão João Alberto. Nos anos de 1970 novamente este território acendeu uma luz na escuridão da ditadura, na voz corajosa de Dom Fragoso a enfrentar a ira e a sanha dos generais de plantão e a dar, muitas vezes, guarida aos perseguidos pelo fascismo de então.

Mas um lugar e um povo não podem viver apenas do seu passado. No seu chão eles precisam construir, nos dias transitórios do presente, o seu futuro. É necessário cotidianamente preparar a nossa terra, carinhosamente, com as mesmas mãos dos nossos antepassados, para semear, nas margens do Poti, as sementes de luz que farão brotar os dias luminosos do amanhã.

É isto que se faz hoje no Crateús, ao se fortalecer os movimentos indígenas e quilombolas, a quem prestamos homenagem e reconhecemos a sua contribuição na nossa formação histórica; é isto que se faz ao se buscar a transformação de Crateús, procurando imprimir um novo surto de desenvolvimento, capaz de nos recolocar novamente nos trilhos do futuro, de onde fomos arrancados irresponsavelmente.

Crateús chega ao seu centenário carregando um simbolismo muito grande. O município é administrado hoje por uma coligação que tem à frente o Partido Comunista do Brasil, herdeiro de Prestes e da sua coluna vitoriosa. O município procura hoje construir a sociedade democrática, sonho de Dom Fragoso, de padre Geraldinho e de tantos outros.

O prefeito Carlos Felipe vem realizando uma gestão profícua, com realizações, não só no campo das obras de engenharia, que são muitas, mas principalmente no resgate da autoestima do povo, que vivencia uma quadra de prosperidade política e administrativa, realizando a pavimentação da estrada do futuro, que conduzirá à melhoria das condições de vida do povo Crateuense. Busca garantir aos cidadãos de Crateús o acesso aos serviços públicos com qualidade e equidade, oferecendo boa educação para os filhos dos trabalhadores que frequentam as escolas públicas e serviços de saúde que previnam e que busquem a cura; o desenvolvimento econômico da cidade; o resgate da sua história e o incentivo a sua cultura popular.

O advento do campus do Instituto Federal de Educação (IFCE) e da Universidade Federal do Ceará (UFC) põe fim a um dos principais motivos da migração de jovens para os grandes centros – principalmente Sobral e Fortaleza – em busca de qualificação profissional e formação acadêmica.

Por fim, neste centenário de Crateús, a nossa homenagem ao povo que construiu este lugar, anonimamente, palmilhando nossas matas em busca de caça e de coleta de frutos e raízes; arando as nossas terras praticamente com as mãos, dada a rusticidade da nossa agricultura; correndo atrás do gado entre os espinhos da jurema e da unha-de-gato; trabalhando de sol a sol no leito da ferrovia; construindo casas, escolas, postos de saúde, locais de trabalho, de moradia e de lazer. A nossa homenagem aos milhares de crateuenses que no passado e no presente construíram e constroem esta bela cidade; para que aqui mais uma vez nasça a flor da liberdade; para que aqui, mais uma vez, a democracia seja semeada e irradie com suas cores os dias do nosso futuro.

A Assembléia Legislativa do Estado do Ceará, juntando-se ao júbilo justificado da comemoração do primeiro centenário da cidade de Crateús, saúda os seus filhos e a sua história, desejando que prossigam nessa marcha intrépida de conquistas e vitórias e que os triunfos obtidos tragam as cores e as luzes da liberdade e da justiça social.

Parabéns a Crateús, esta bela e orgulhosa cidade sertaneja, irmã do rio Poti, mestiça, cearense, genuinamente brasileira.

Parabéns e muito obrigado.