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Homero Mattos Jr: ele a quis com z

solitário em canto quieto ele bebe e a mulher brilhosa deslumbrada qual novela das oito vem vê acha que vai vencer e a seu lado senta.

solitário em canto quieto ele bebe e a mulher brilhosa

deslumbrada qual novela das oito vem vê acha que vai vencer e a seu
lado senta. mas ela não é a mulher quele tem. é a mulher
quela
poderia
ser se ser pudesse a mulher quele tem. mas não é. então caetano
que o
perdoe ela
não o supreende por ser óbvia mas por insistir em permanecer
exótica
quando
melhor seria ter ficado oculta. porém longe de oculta ser ela assume
quele é tímido e pergunta se é assim mesmo desse jeito que ele é.
não. ele não é tímido coisa nenhuma apenas não é de graça oferecido.
mas sim sou sou tímido ele diz ao quê ela confessando
gostar
de
homens tímidos completa não sei acho qué porque eles tem um
jeito
assim
assim quela não sabe explicar direito. nem ele. que não é tímido ao 
ponto de ficar surpreso com o cê é casado? que logo em seguida vem. 
não não sou mas é como se fosse ele responde. ela ri e pergunta como 
é que é esse se fosse. mas ele não sabe assim ao certo pois não faz a 
mínima idéia a respeito de como se fosse poderia ser pois com ele 
nada é como é é tudo como se fosse. acho qué
com
 zê ele
conclui. com zê? como assim? ela quer saber e então tomado pelo 
sibilino daquelas sibilâncias sem eiras em torvelinho tornadas e 
pelas beiras sua alma sszchrup!
como
sopa sorvida sendo tomada ele diz assim por exemplo repare e começa a 
declamar para ela eu que te quis com zê ríspido como a marca do zorro 
indecifrável como uma incógnita algébrica monótono e ruidoso
como um
ronco de
mangá como tal foi possível te ter tão a torto e tolo querido assim 
esquecido de qué com ésse o querer queu suave e sutil como um 
caractere sino japonês simples e sereno como uma aquarela em tons 
pastéis sentida e saudosamente como uma curva do sena com um êne ou 
do senna com
 
dois tanto faz rio ou autódromo a viagem é a mesma o querer queu só 
nunca quis pois equívoco é querer com zê tanto quanto o
 
é desejar-te sem que separação possa haver. mas nessa loucura
toda
se vai e
então por quê não? se
um
maluco dispara do empire state outro dispara da rocinha e assim 
inconscientes coletiva e indiscriminada mente todos a êsmo vão 
disparando pra
tudo
quanto é
lado por que não podemos eu e você de onde ninguém espera só
desespera
sair em
disparada dessa parada desesperada onde ninguém diz pára! fugir
para
um
daqueles agora ex paços onde em noites seguras haviam árvores de 
verdade fantasmas de mentira e ladrões de coração logo presos pelos 
próprios corações que roubavam e que mais não existem. é isso.
foi
isso que por
fim desse jeito ele disse.
 
posso tomar um
 
golinho do seu copo? ela pergunta confiante de que vai descobrir o
segredo
dele. 
vai
nada. o segredo dele nem está com ele. está com a mulher que ela 
poderia ser se seu segredo soubesse.
 
mas não
 
sabe.