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2011: Menos conflitos no campo; mais ameças de morte

Levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) indica que o número de conflitos no campo caiu 12% este ano – de 777 casos no ano passado para 686 em 2011. Já o número de pessoas ameaçadas de morte registrou aumento de 107% este ano. Em 2010, 83 pessoas denunciaram estar sob risco. Este ano, o número subiu para 172. A quantidade de denúncias de trabalho escravo no país também subiu. 

Os dados fazem parte do relatório Conflitos no Campo Brasil 2011 e se referem ao período de janeiro a setembro.

De acordo com a comissão, o crescimento nas ameaças de morte é reflexo das ações que se desenvolveram após assassinatos de extrativistas e lideranças do campo, em maio, quando foi entregue à Secretaria de Direitos Humanos (SDH) uma lista dos ameaçados de morte na última década, destacando que as ameaças haviam se concretizado em 42 casos.

De janeiro a setembro de 2011, foram assassinados 17 trabalhadores do campo, 32% a menos do que no ano passado, quando foram registrados 25 mortos.

A Região Norte registrou 12 mortes, das quais nove no Pará. De acordo com a comissão, oito assassinatos ocorreram em decorrência do envolvimento dos trabalhadores rurais com a luta de defesa do meio ambiente e em conflitos com fazendeiros e empresários da região.

O primeiro crime com grande repercussão foi o assassinato do casal extrativista Maria do Espírito Santo e José Cláudio Ribeiro da Silva, em Nova Ipixuna, no Pará, no dia 24 de maio.

Dois dias depois, o assentado Herenilton Pereira dos Santos também foi morto também em Nova Ipixuna. No dia 27 de maio, o ambientalista e líder Adelino Ramos, um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara (ocorrido em 1995), foi morto em Rondônia.

Trabalho escravo e conflito no campo

De acordo com os dados, o número de pessoas envolvidas nas denúncias de trabalho escravo subiu de 3.854, em 2010, para 3.882, em 2011. Só a Região Centro-Oeste concentrou quase 50% dos trabalhadores resgatados – 1.914 pessoas.Em Mato Grosso do Sul, foram registrados 1.322 trabalhadores em situação de trabalho escravo.

O documento examina a violência rural sob três aspectos: conflitos de terra, conflitos trabalhistas e conflitos pela água.

Pelo levantamento, houve 439 conflitos por questões agrárias neste ano, enquanto em 2010 foram registrados 535. Já os conflitos por água caíram para 29 registros, em 2011, enquanto em 2010 foram 65 casos. Os dados mais alarmantes se referem aos conflitos trabalhistas, registrando aumento de 23% nas denúncias de trabalho escravo.

A coordenadora nacional da Comissão Pastoral da Terra, Isolete Wichinieski, disse que o aumento no número de casos de trabalho escravo ocorre devido ao estímulo que as pessoas têm recebido para denunciar.

“A sociedade está colaborando mais, as denúncias cresceram e isso é muito importante para combater os crimes no campo”, alertou a coordenadora. “[Mas é necessário] melhorar as condições de trabalho na área rural, só assim os conflitos serão reduzidos.”

Fonte: Agência Brasil