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Líderes muçulmanos boicotam café da manhã do prefeito de NY

Um grupo de líderes muçulmanos anunciou nesta quinta (29) que não participará do tradicional café da manhã com o qual o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, se despede do ano ao lado de representantes de distintas religiões.

Diferentes imames e ativistas enviaram uma carta a Bloomberg na qual recusam o convite devido ao "tratamento que a cidade dispensa aos muçulmanos nova-iorquinos", em referência às acusações surgidas há alguns meses contra a polícia de Nova York de espionar membros dessa comunidade.

"De acordo com uma investigação, a polícia vigiou e obteve informação de nova-iorquinos em cerca de 250 mesquitas, escolas e empresas de toda a cidade, simplesmente por sua religião e não porque demonstrassem um comportamento suspeito", afirma o texto enviado ao prefeito.

A polêmica começou em agosto, quando se começou a falar que a polícia violou os direitos civis de algumas comunidades muçulmanas nas quais infiltrou agentes para informar de possíveis extremistas relacionados com a Al Qaeda na década seguinte aos atentados do 11 de setembro de 2001 contra as Torres Gêmeas.

Essas acusações turvaram um pouco os atos oficiais do décimo aniversário do atentado, um ano depois que causasse polêmica a intenção de uma associação muçulmana de abrir um centro comunitário a poucos metros do Marco Zero. "A gravidade dessas violações dos direitos humanos é assombrosa, mas, em vez de investigar responsabilidades e velar pelo Estado de Direito, o senhor defendeu a falta de conduta da polícia de Nova York", dizem os líderes muçulmanos a Bloomberg, ao mesmo tempo que denunciam que "essas medidas ameaçam os direitos de todos os norte-americanos".

A Prefeitura já se defendeu da carta e informou em comunicado que "duas dúzias de líderes comunitários muçulmanos já afirmaram que participarão do café da manhã, o mesmo número dos anos anteriores", e ressaltou que cerca de 60% dos signatários da mesma não fazem parte da lista de convidados do tradicional encontro. "Ao contrário do que dizem essas denúncias, a polícia de Nova York cumpre com a lei no que diz respeito às investigações vinculadas com o terrorismo e não realiza esse tipo de espionagem nas comunidades", declarou em outro comunicado o subcomissário da polícia nova-iorquina, Paul Brown.

A carta enviada a Bloomberg conta com a assinatura de vários membros proeminentes da comunidade muçulmana em Nova York, como Khaled Lamada, da Sociedade Muçulmana dos Estados Unidos, assim como o imame Al Hajj Talib Abdur-Rashid, presidente do Conselho de Líderes Islâmicos de Nova York. Diferentes líderes ecoaram as críticas apresentadas na carta e entre eles está o senador estadual democrata pelo condado do Bronx, o reverendo Rubén Díaz, que demonstrou seu apoio a uma comunidade "cujos direitos são violados de maneira flagrante", segundo disse em comunicado.

"Os líderes dessa comunidade não podem apresentar-se em um encontro com o cargo público (Bloomberg) que é o principal responsável pelas violações e sorrir diante das câmeras como se tudo estivesse bem, quando todos sabemos que não é assim", frisou Díaz. O reverendo também criticou o prefeito por não ter permitido a participação ativa de líderes religiosos nos atos oficiais do décimo aniversário do 11 de setembro.