Bachelet: Primavera Árabe gerou modelo para o mundo
A diretora-executiva de ONU Mulheres, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet, considera que a Primavera Árabe gerou "um modelo para o resto do mundo", apesar de também ter evidenciado a dificuldade das mulheres para ter acesso a postos de responsabilidade.
Publicado 16/01/2012 15:22
Em entrevista à agência EFE, a ex-governante do Chile elogiou as revoltas no mundo árabe como "uma força jovem que irrompe em cena não ligada às instituições nem às organizações políticas tradicionais, mas com um grande clamor pela liberdade, a justiça social e a democracia".
Mohamed Habib: A revolução árabe ainda não terminou
Para Bachelet, essas peculiaridades fazem da chamada Primavera Árabe algo único, que gera um modelo para o resto do mundo, inclusive o desenvolvido, com baixos níveis de crescimento e altos níveis de desemprego juvenil e "que questiona o sistema econômico e político".
Embora tenha reconhecido que é um processo que ainda não terminou e cuja forma final ainda é desconhecida, a chilena enfatizou que seu valor reside no fato de apresentar uma dinâmica interna, própria de cada país, que tenta encontrar suas respostas.
Para Bachelet, os processos na Tunísia, Egito e Líbia foram diferentes, mas existe uma grande oportunidade histórica para que todos eles possam avançar em suas aspirações, entre elas os direitos garantidos para homens e mulheres.
Com relação a estas últimas, apontou que o novo panorama evidenciou que as mulheres "ainda têm grandes obstáculos para ter acesso a mudanças de representação ou a postos que envolvam a tomada de decisão no mundo".
"A única maneira de evitar isso é através de medidas especiais transitórias, como assegurar que haja cotas ou leis de paridade", e citou o exemplo da Tunísia, onde 49 mulheres foram escolhidas para o Parlamento, aproximadamente 23% das cadeiras.
Questionada sobre a fraca representação feminina na Câmara Baixa do Parlamento egípcio, que calcula-se que rondará os 2%, Bachelet alegou que "são os próprios egípcios que deverão avaliar as razões" deste fenômeno.
Nesse contexto, a ex-presidente expressou sua esperança de que a situação mude com a criação dos novos partidos surgidos após as revoltas. "A igualdade de direitos de homens e mulheres é o objetivo último da democracia", afirmou.
Fonte: Efe