Cresce diferença entre piso e benefícios maiores que o mínimo
O reajuste do salário mínimo, de 2000 a 2012, representou um ganho 88% superior ao dos benefícios acima de um salário, conforme pesquisa elaborada pelo economista Rodrigo Augusto de Lima, do Instituto Brasileiro de Estudos Previdenciários (Ibep).
Publicado 24/01/2012 15:58
Tomando por base um salário de benefício no valor de R$ 1 mil, em 2000, Lima calculou que, hoje, 12 anos depois, esse salário seria R$ 2.429. “Houve um aumento salarial acumulado nos últimos 12 anos, sem considerar ganho ou perda em relação à inflação, de 142,99%”. Em contrapartida, quem ganhava um mínimo (R$ 136) em 2000 passou hoje a receber R$ 622, o que significa aumento de 357%. A diferença entre o ganho do piso salarial e dos benefícios maiores que um mínimo equivale a 88%, expôs o economista hoje (24), quando se comermora o Dia do Aposentado.
O que ocorre, entretanto, destacou Lima, é que um benefício de R$ 1 mil representava 7,35 salários mínimos no ano 2000 e, agora, R$ 2.429 correspondem a apenas 3,91 salários. O economista do Idep disse que a justificativa dada pelo governo é que se tem valorizado o aumento do salário mínimo. “No número [no entanto] de salários mínimos, nós estamos perdendo”.
Lima lembrou que continuam existindo serviços que são atrelados ao mínimo, ao contrário do que afirma o governo, citando o caso de serviços de contador e consultas médicas, por exemplo. “O aposentado que, no momento de pagar por qualquer tipo de serviço, [o serviço] é comparado com o mínimo, [ele, o aposentado] já está perdendo”, constatou.
O economista concorda com a avaliação da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Estado do Rio de Janeiro (Asaprev/RJ) de que, em um futuro próximo, todos os aposentados no Brasil receberão um mínimo. “Eu vejo esse cenário. Não sei precisar o tempo, mas todos estarão recebendo um salário mínimo, porque, se com esse reajuste de 6,08%, 1 milhão de aposentados já encostaram no salário mínimo, no próximo reajuste, quantos mais vão chegar a um salário? Essa conta vai se reduzindo a cada ano”.
Na avaliação de Lima, o reajuste para quem recebe acima do salário mínimo “é um veneno que está sendo aplicado em pequenas doses”. Ele acredita que se a perda aplicada for de 5% a 6% por ano, no período de dez anos, todos os aposentados do país que recebiam mais de um mínimo vão estar ganhando o piso.
Além disso, destacou o economista, os aposentados terão um prejuízo adicional em função do reajuste da tabela do Imposto de Renda (IR), “porque o reajuste da tabela do IR foi menor que o reajuste de 6,08%. É uma forma também de o governo estar tirando mais dinheiro dos aposentados, porque eles estão pagando mais Imposto de Renda”.
De acordo com o estudo feito pelo economista do Ibep, alguns aposentados terão de pagar R$ 25 a mais de IR este ano, o que significa acréscimo de 0,66%. “Considerando que ele teve um aumento de 6,08% e está perdendo 0,66%, o aumento real, incluindo o custo adicional do IR, cai para menos de 5,5%”, calculou.
Edição: Lana Cristina