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Pequim rejeita sanções contra a Síria

A China manifestou nesta quarta-feira (2) sua oposição a intervenção militar ou imposição de novas sanções, como via para resolver o conflito na Síria, divulgou alerta de viagem e alertou cidadãos chineses que vivam na Síria, para que redobrem as precauções de segurança.

Por Zhang Yuwei e Li Lianxing, no China Daily

"A China opõe-se firmemente a qualquer tipo de ação para ‘mudança forçada de regime', que viola os objetivos e princípios da Carta das Nações Unidas e as normas básicas que governam as relações internacionais" – disse Li Baodong, embaixador da China na ONU, durante reunião no Conselho de Segurança para discutir a Síria, na terça-feira.

O Conselho de Segurança debatia um projeto de resolução apresentado pela Liga Árabe, que ‘exige' que o presidente sírio renuncie. China e Rússia disseram, durante a reunião, que esse projeto sugeria muito claramente uma "mudança forçada de regime".

Para o embaixador Li, "sanções, além de não ajudarem a resolver problemas, levam a complicações ainda maiores". Disse também que a China apoia a posição dos russos, na discussão sobre a Síria.

Na primeira expressão completa da posição da China sobre a questão síria, as palavras de Li mostraram claramente que a China não deseja que se repitam os eventos que se viram na Líbia – disseram analistas chineses. No caso da Líbia, o Conselho de Segurança adotou resolução, ano passado, que autorizou "todas as medidas necessárias" para proteger cidadãos líbios. Em seguida, aconteceu o ataque militar da OTAN contra cidades e populações desarmadas.

Yin Gang, especialista em questões do Oriente Médio na Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse que os dois países, China e Rússia, não admitirão que o Conselho de Segurança seja usado como anteparo para intervenção militar. "O sistema político sírio talvez precise ser melhorado, mas qualquer tentativa de melhorá-lo terá de ser feita por meios pacíficos" – acrescentou Yin.

Na terça-feira, Li disse também que o povo sírio encontrará solução para seus problemas. "A Síria e os sírios são suficientemente capazes e competentes para inventar um sistema político e um regime de crescimento econômico que se integrem harmonicamente com as condições daquele país."

Durante os debates na terça-feira, o embaixador russo na ONU, Vitaly Tchurkin, disse que a Síria "é capaz de decidir por ela mesma" – reiterando a oposição dos russos a sanções e deslocamento de soldados.

Mas estados árabes, os EUA e países europeus tentam empurrar o Conselho a adotar um projeto de resolução que imporia à Síria o que seus apoiadores estão chamando de "transição política"; e encampa um plano dos árabes que tenta forçar o presidente Bashar al-Assad a renunciar.

Para Jihad Makdissi, porta-voz do ministro sírio de Relações Exteriores, falando ao China Daily na quarta-feira, a atual crise é cheia de complexidades e não pode ser tratada como questão de "ou branco ou preto". E concluiu: "A Síria é favorável ao diálogo e o governo aceitará qualquer iniciativa que seja construtiva, não destrutiva."

Para Ye Hailin, pesquisador do Oriente Médio na Academia Chinesa de Ciências Sociais, não há dúvidas de que a Liga Árabe e o Conselho de Cooperação do Golfo terão participação importante em qualquer resolução que venha a ser aprovada.