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Sírios vivem momentos decisivos em sua história

Enquanto a diplomacia de 15 países define a sorte da Síria no Conselho de Segurança da ONU, a população do país vive momentos decisivos em sua história.

Nesse contexto, somados aos nefastos efeitos de uma violência armada e de sanções econômicas, tem prosseguimento a instalação de um pacote de reformas integrais que de fato abre as portas a uma mudança na vida política – ou pelo menos em sua interpretação – na qual vive o país há 40 anos.

O presidente Bashar Al-Assad reiterou que a principal prioridade do governo e do povo é acabar com as atividades terroristas que geram os grupos armados estabelecidos em Idleb, Homs, Hama, Daraa e ao redor de Damasco.

Assim afirmou, segundo o diário libanês Al-Akhbar, ao líder do Partido de Unificação Árabe e ex-ministro desse país vizinho, Wiam Wahhab, a quem recebeu em Damasco durante três horas na quinta-feira.

Al- Assad expressou a seu hóspede que a firmeza da Síria propiciará uma mudança qualitativa no conflito regional, consternada por acontecimentos violentos, que ainda enfrenta, e que mudaram o mapa político em alguns de seus países.

Wahhab disse ao jornal que, apesar da forte pressão diplomática sobre a Síria dentro e fora da ONU, o presidente Al-Assad parecia confiante em que os países conscientes da realidade síria não permitirão a aprovação de uma resolução que resulte punitiva e dê margem a um aprofundamento da crise.

Os representantes do Conselho de Segurança têm hoje sobre a mesa um novo projeto de resolução que omite uma exigência anterior na qual se pedia a saída de Al-Assad do poder, e fala de uma "transferência pacífica" para um sistema político "democrático e plural", disseram ali fontes diplomáticas.

O rascunho apresentado na semana passada por Marrocos, Estados Unidos, França e Reino Unido apoiava a ideia da Liga Árabe de exigir uma mudança de regime em Damasco com a saída de Al-Assad do poder, a criação de um novo governo interino e a celebração de eleições, aspectos agora ausentes no texto em negociação.

De todas forma, não há nada definido nas discussões da sede da ONU em Nova York, ainda que os sírios, entre eles o próprio presidente, esperam que a Rússia e a China não permitam a aprovação de uma resolução prejudicial ao país.

Esse é um tema que se reitera em conversas entre familiares, amigos, analistas e observadores já sejam locais ou estrangeiros, e entre sírios e jornalistas de diversas latitudes que estão cobrindo os acontecimentos internos.

Todos concordam que o resultado dos atuais debates no Conselho de Segurança terá um efeito substancial sobre o desenvolvimento e futuro desfecho da crise.

Enquanto isso, forças sírias continuam em uma ofensiva contra grupos armados concentrada estes dias na região de Damasco e em Hama. Com isso, desde o ponto de vista estratégico, procuram limpar estas duas províncias, isolar os que se concentraram em Idleb e em particular na cidade de Homs, antes de empreender uma ação contra os que atacam essas duas zonas.

Além disso, se esforçam para controlar os bandos que ainda se encontram no sul, na província de Daraa, como a operação realizada ontem por uma unidade policial contra um ponto de concentração de um numeroso grupo armado na localidade de Al-Jiza, ao qual infligiu grande quantidade de baixas e do qual prenderam um alto número de membros.

Por sua vez, as forças em Idleb, fronteira com a Turquia, incrementaram a vigilância e proteção da área, e nos últimos dias abortaram a infiltração de vários grupos armados, treinados e abastecidos por dois acampamentos em solo turco.

Apesar do otimismo de alguns, que acreditam que as forças sírias poderão liquidar a violência armada em um mês, uma fonte com conhecimento sobre a situação militar no terreno disse à Prensa Latina que "não é tarefa fácil".

Ao retirar das zonas conflitivas as forças de segurança e os efetivos do exército durante o mês que durou a missão observadora da Liga Árabe – afirmou – esses grupos, entre os quais se encontram muitos estrangeiros bem adestrados, penetraram com mais profundidade e fortaleceram suas posições.

Também estão sendo finalizados elementos essenciais do processo de reformas como a nova Constituição que será submetida a um plebiscito, a aprovação de novas organizações políticas e o governante Partido Al-Baas se dispõe a celebrar um significativo congresso para sua vida interna que deverá definir novas linhas de trabalho.

A população não deixou de manifestar seu apoio à unidade nacional e ao presidente mediante multitudinárias marchas e concentrações em Aleppo nos dois últimos dias, assim como em um festival de música espiritual e religiosa em Damasco, evidências de que, apesar da crise, a vida continua na Síria.

Fonte: Prensa Latina