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Honduras: metade dos presos mortos não havia sido condenada

Inocentes podem ter morrido no incêndio na Colônia Agrícola Penal de Comayagua, em Honduras. Um relatório do governo hondurenho enviado este mês à ONU (Organização das Nações Unidas) indicava que mais da metade dos 856 detentos não havia sido condenada ou recebido acusações formais.

Por conta da política de repressão do governo às gangues do país, alguns chegaram a ser detidos pelo fato de terem tatuagens que faziam alusão aos grupos criminosos. O relatório citava ainda o fato de que a penitenciária tinha mais de 800 presos, quando comportava apenas 250. Durante o dia, 51 guardas trabalhavam no local, mas durante a noite, horário em que ocorreu o incêndio, havia apenas 12.

O fogo em Comayagua começou por volta das 23h de terça-feira (3h desta quarta) e atingiu diversos setores da penitenciária. A maioria dos presos morreu queimada ou asfixiada em suas próprias celas, pois os guardas pensavam que se tratava de uma fuga. Muitos correram para o chuveiro ou tentaram escapar pelo teto das celas, mas não tiveram êxito.

Dos 852 detidos, 360 não responderam à chamada da administração do presídio, enquanto outros 21 estão em hospitais da região. Acredita-se que o fogo tenha começado no pavilhão seis e se espalhado pelos demais.

Entre os sobreviventes, muitos criticaram a administração do presídio que teria impedido a entrada imediata dos bombeiros no local. De acordo com informações do The Guardian, os bombeiros chegaram rapidamente ao local, pois estavam próximos à penitenciária.

O chefe dos bombeiros, José Silva, afirmou ao site hondurenho La Prensa que os agentes demoraram cerca de cinco minutos para abrir os portões. Segundo ele, o procedimento é normal por conta das questões de segurança do presídio.

Apesar disso, o governo hondurenho afirmou que irá realizar uma investigação rigorosa para determinar as causas do incêndio e o motivo de terem ocorrido tantas mortes na tragédia.

O corpo de bombeiros trabalha com duas hipóteses para a causa dos incêndios. A primeira aponta para um curto circuito no presídio e a outra indica que os próprios presos poderiam ter iniciado o incêndio queimando um colchão para iniciar uma rebelião. Os próprios sobreviventes não conseguem indicar como a tragédia teve início.

“Não posso dizer o que aconteceu, só sei que vimos uma bola de fogo que saiu e propagou-se por todos os lados. Ninguém teve chance de se defender. Era um inferno. Do jeito que aconteceu todos deveriam ter morrido”, afirmou ao La Prensa Francisco Portillo, sobrevivente do incêndio.

Fonte: Opera Mundi