Estudantes denunciam mais um ato truculento do reitor da USP
Na manhã deste domingo (19), A Moradia Retomada foi invadida pela Tropa de Choque e se deu voz de prisão a 12 estudantes que ocupavam um prédio da Universidade de São Paulo (USP).
Publicado 20/02/2012 11:41

Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP), os 12 estudantes foram levados ao 14º Distrito Policial, em Pinheiros, na zona oeste da capital.
Usando as Redes Sociais, o movimento Moradia Retomada informou à ação. “Nós, moradores do Moradia Retomada, estamos, neste momento, presos na 14º DP de Pinheiros.”
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Pelo Facebook os estudantes desabafaram seu repúdio à ação da polícia, “esta é a folia do Rodas [João Grandino Rodas, reitor da universidade] e do PSDB [partido que governa o estado de São Paulo]!!!”. O movimento reivindica o aumento do número de vagas para moradia na USP.
Em protesto, a Assembleia Nacional dos Estudantes Livre – SP (Anel – SP) postou em seu blog nota de repúdio à ação.
Conheça a nota na íntegra:
Lutar não é crime! Repudiamos categoricamente a ação truculenta de Rodas e da PM! Defendemos a liberdade imediata aos 12 colegas presos e exigimos anistia completa de todos os estudantes!
Infelizmente, a truculência e a falta de diálogo têm sido a marca da Reitoria da Universidade de São Paulo. Depois do dia que a USP amanheceu literalmente sitiada, com 400 homens do batalhão de choque para prender 73 estudantes, depois da tentativa de derrubar a sede do Núcleo de Consciência Negra, depois de expulsar 6 estudantes que participaram da luta pela Moradia Retomada, depois de lacrar e retomar o espaço estudantil, Rodas mais uma vez mostrou a que veio: Reprimir para privatizar!
Em março de 2010, diante da triste situação da assistência e permanência estudantil na USP, quando mais de 100 calouros que tiveram o alojamento emergencial negado pela Coordenadoria de Assistência Social, estudantes retomaram um espaço no Conjunto Residencial da USP (CRUSP) que havia sido tomado pela Divisão de Promoção Social da COSEAS e pelo banco Santander, inviabilizando a utilização do espaço como moradia estudantil. A então Moradia Retomada foi uma forma de viabilizar moradia a estudantes que não conseguiam passar pelo “pente fino” da Reitoria para garantir o que deveria ser um direito: a moradia estudantil assegurada pela Universidade.
A realidade atual da Universidade de São Paulo é de uma grande disputa entre aqueles que defendem uma Universidade pública, gratuita e de qualidade, autônoma, guardiã do livre pensar, e aqueles que querem o desmonte desse modelo. Rodas comprou essa briga! A privatização e terceirização dos serviços têm sido o carro-chefe da Reitoria. Todos os últimos acontecimentos na USP são a tentativa de garantir a adequação ao projeto do governo do PSDB, de uma larga adequação do ensino público às demandas essencialmente privadas. Por isso que o Reitor Rodas é ofensivo na batalha contra os movimentos sociais organizados na Universidade. Rodas quer calar os milhares de estudantes, professores e funcionários que acreditam e lutam para construir uma USP cada vez melhor, mais segura e moderna, defendendo também seu caráter público e gratuito.
Queremos qualidade de ensino e não repressão!
Tendo em vista que a educação, especialmente o ensino público, não tem sido prioridade dos governos, a assistência estudantil tem se tornado cada vez mais precarizada. No estado de São Paulo essa situação é ainda mais grave uma vez que para adequar a educação pública às demandas privadas, os estudantes sem poder aquisitivo não têm vez. Com a tentativa de construir universidades cada vez mais elitizadas, a assistência estudantil está sendo literalmente desmontada.
Em todas as estaduais paulistas o problema de falta de bolsas, falta de moradia e serviços de assistência estudantil fazem parte da realidade universitária. As reitorias e o governo do PSDB tratam como caso de polícia o que deveria ser tratado como um direito.
Além do triste ocorrido na USP nessa manhã, somado à expulsão dos 6 estudantes em janeiro, na Unicamp 6 estudantes também acabam de ser suspensos por 6 meses, sem direito a nenhum vínculo com a Universidade, por terem participado de uma luta por moradia estudantil. A repressão no campus, através da presença ostensiva da PM, fecha, portanto, um ciclo do fim completo da democracia, transparência e autonomia universitária, adequando as estaduais paulistas a um largo projeto de elitização e privatização.
A assistência estudantil é um direito e deve ser tratada como tal. Acreditamos que ela deve ser plena, gratuita e de qualidade e por isso lutamos para que a qualidade de ensino seja associada a uma política efetiva de assistência em termos de moradia, alimentação, saúde, cultura, lazer e demais condições necessárias ao desenvolvimento pleno da formação acadêmica. Seguiremos na luta em defesa de uma USP pública, a serviço do povo pobre e trabalhador!
O apoio jurídico da CSP-Conlutas já se encontra na 14º DP para auxiliar os estudantes! Entre os 12 presos temos uma estudante grávida de 8 meses e um menor de idade! Chamamos as entidades e movimentos a prestarem solidariedade e a se somarem numa ampla campanha contra a ditadura de Rodas e do PSDB na USP!