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Sarkozy aumenta impostos e critica jornada de 35 horas

Em discurso pronunciado na região industrial de Lille, França, nesta quinta-feira (23), o presidente da França e candidato à reeleição, Nicolas Sarkozy, criticou a jornada de trabalho de 35 horas semanais, implantada pelo governo de Lionel Juspin [Partido Socialista Francês (1997-2002)].

Em sua declaração, Sarkozy sinalizou uma proposta de flexibilização da jornada e frisou que "o trabalho não se compartilha" porque, "dividindo o trabalho, não se acham empregos, se destroem".

Para defender suas novas medidas, o presidente francês citou inúmeras vezes a Alemanha, afirmando que esse país já adotou há anos uma polícia de aumento de impostos e ações como a flexibilização da jornada de trabalho para aumentar a competitividade de sua indústria.

Em entrevista transmitida neste domingo (18) por oito canais de TV da França, o presidente também sinalizou alterações na Taxa sobre Valor Agregado (TVA), que incide sobre produtos e serviços. Segundo Sarkozy, esta medida aumentará a competitividade das empresas francesas.

Segundo sua declaração, a chamada TVA será aumentada em 1,6%, passando a ser de 21,2%, e vigorará a partir de outubro. Para o presidente essa ação é necessária para compensar financeiramente a exoneração de encargos patronais sobre algumas faixas salariais.

Devido ao aumento da TVA, especialistas apontam que serão os consumidores que irão arcar com a conta e financiar o seguro social hoje pago pelos encargos patronais.

O aumento do imposto é impopular e seus rivais de campanha afirmam que ele diminuirá ainda mais o poder de compra da população no atual cenário de crise econômica e de explosão do desemprego.

Olivier Dartigolles, porta-voz do Partido Comunista Francês e membro da coordenação da campanha de Jean-Luc Mélenchon, candidato da Frente de Esquerda à Presidência da República, criticou a declaração do presidente Nicolas Sarkozy.

“Para salvar sua campanha ele saca os seus últimos cartuchos: uma proposta de TVA antissocial, uma ofensiva aberta contra os salários e a jornada de trabalho, tratados europeus de austeridade. O Sarkozy 2012 é a boa e velha direita reacionária, nacional-populista, que está em campanha e é bom que todo mundo saiba disso”, alerta o porta-voz.

Dartigolles acrescenta que esse pacote proposto por Sarkozy tem como objetivo central “dividir os assalariados e estigmatizar os mais frágeis, limitando a participação popular e organizada na Europa. Coloca em cheque a questão do emprego e do Rendimento Solidário Ativo (RSA), põe os mais pobres sob vigilância e alimenta o conflito entre aqueles que têm um pequeno salário frete àqueles que estão privados de emprego”, esclarece.

Ele informou que no dia 28 de fevereiro Sarkozy terá reunião com o Senado, momento que a esquerda deve aproveitar fazer fracassar os tratados Sarkozy/Merkel. “Em face de uma direita bem à direita, é mais do que nunca necessário uma verdadeira esquerda, uma esquerda por seus valores e por seu combate”, finaliza Dartigolles.

Joanne Mora com agências