Morte de Vereador do PT ainda é mistério

PT CATARINENSE QUER QUE CASO CHIARELLO SEJA FEDERALIZADO

Procurador Federal da República recebe petistas catarinenses - PT
A morte do vereador Marcelino Chiarello do PT, ocorrida no dia 28 de novembro em Chapecó-SC ainda é um mistério para a população da cidade, para correligionários e a todos que ouvem o caso.

O presidente do PT de Chapecó e Também deputado federal Pedro Uczai, a deputada estadual Luciana Carminatti e o deputado estadual Dirceu Dresch estiveram em audiência com o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, sobre a federalização das investigações do caso Marcelino Chiarello.

O Deputado Federal Pedro Uczai relatou ao Procurador a situação em que o caso se encontra, destacando a preocupação com a demora nas investigações. Uczai questionou a atuação da Secretaria Estadual de Segurança, que para ele não tem dado a devida importância diante do assassinato de um vereador.
 

 
O Procurador Geral da república Roberto Gurgel solicitou um relatório completo sobre o caso, para após análise, formular o pedido de federalização ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que para ele, conforme relato dos deputados, “o deslocamento de competência se faz necessário”.

No laudo pericial médico laudo pericial médico sobre, assinado pelo médico legista Antônio de Marco, foram identificadas várias lesões no corpo do vereador. Havia uma fratura no nariz, uma lesão no lado superior esquerdo da cabeça, provocada por uma pancada, e uma lesão no olho esquerdo. Havia ainda um hematoma no polegar direito e resíduos nas unhas. Na palma da mão esquerda, estava desenhada uma pirâmide.

Além disso as fotos do laudo mostram grande quantidade de sangue no rosto do vereador e manchas na camisa, tanto na frente quanto nas costas. Há também manchas de sangue na calça. A quantidade de sangue até chamou a atenção do delegado Augusto Mello Brandão, que considera um volume muito grande para se tratar de suicídio.

Parte do sangue escorreu do nariz em direção à orelha, que leva a deduzir que, ele estaria deitado quando o sangue escorreu. Os próprios delegados no início da investigação descartaram a tese de suicídio por essas informações.

No pescoço do vereador foram encontrados dois sulcos, um horizontal e outro oblíquo, provocados pela aça do notebook em que o vereador estava “pendurado” na janela de casa. O médico observou que um sulco tinha 42 centímetros de circunferência e a alça do laço da fita que estava no pescoço do vereador tinha 37,5 centímetros de circunferência.

Logo no dia do crime cinco delegados prestaram uma entrevista coletiva onde levantaram a hipótese de que o laço teria sido dado com o vereador no chão, pois era mais apertado que a circunferência do pescoço, e depois ele teria sido colocado próximo da janela. O delegado Alex Passos, que foi o primeiro delegado a chegar no local da morte, afirmou que não teria como ele ter dado o nó e depois ter se pendurado na grade. Não havia nem um banco ou apoio próximo ao corpo para que o vereador pudesse ter utilizado em caso de suicídio.

No primeiro atestado de óbito, o médico Antônio de Marco não coloca nem como suicídio, nem como homicídio a causa da morte. Ele assinalou a opção “outros”. Já na declaração da “causa mortis” para o seguro de vida de Chiarello, ele indica homicídio.

O jornal Diário Catarinense tentou conversar com o médico, mas ele negou-se em dar entrevista. “O que eu tinha que fazer está no laudo”, disse. Questionado se ele apontaria homicídio ou suicídio, declarou: “Veja o laudo e tire suas conclusões”.

ENTENDA O CASO

No dia 28 de novembro de 2011, o corpo do professor e vereador do PT, Marcelino Chiarello, foi encontrado em Chapecó – SC. O cenário indicava suicídio, porém, logo desconstruído pelos delegados e investigadores que chegaram ao local. O laudo médico no dia da autópsia apontou para traumatismo craniano, asfixia mecânica lateral e escoriações pelo corpo, além de questões técnicas apontadas pelo IGP – Instituto Geral de Perícias, que excluem a tese de suicídio, como por exemplo, o tamanho da corda, o próprio nó, o sangramento, as marcas e a posição do corpo, coagulação do sangue, etc…

Marcelino denunciou um esquema de corrupção na prefeitura de Chapecó, apresentando ao Ministério Público (MP) irregularidades nas concessões do transporte público, da merenda escolar, nas lombadas eletrônicas, vendas de terrenos públicos e desvio de verbas das emendas de subvenções sociais para comunidades do município, coordenada pelo sub-prefeito e vereador, Dalmir Pelicioli (PSD).

Sua atuação resultou no cancelamento pelo MP do contrato com a empresa Kopp que administrava as lombadas eletrônicas, afastamento do subprefeito Dalmir Pelicioli, pelo MP, cancelamento da venda dos terrenos públicos e decisão da Justiça para nova licitação no transporte público.

Passados mais de 60 dias de sua morte, pouco se avançou nas investigações e na apuração no caso. Existem vários indícios que desqualificam a nova versão das autoridades que classificaram o caso como “suicídio”.

Havendo culpados ou não, o povo quer a verdade. Se comprovada a tese de assassinato, o povo quer justiça com a prisão dos mandantes e executores. Quais são as razões deste crime bárbaro? Quem são os assassinos? E quem são os mandantes? Quais os motivos para tamanha violência? São algumas perguntas sem respostas no oeste catarinense.

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