O caos no transporte público no Rio permanece e custa caro
O Rio de Janeiro é uma cidade exuberante e combina com sol e forte calor. Isso se você não depender do transporte público para se locomover. O cidadão carioca sofre diariamente com o calor desumano nos coletivos e com todos os problemas estruturais de uma frota obsoleta e mal equipada.
Publicado 09/03/2012 18:14 | Editado 04/03/2020 17:03
Durante as últimas semanas acompanhamos diversos episódios que atestam a precariedade do transporte público fluminense. A linha 2 do metrô operando com um sistema de ar-condicionado que mal surte efeito; o lamentável episódio ocorrido na SuperVia – não pela primeira vez – em que passageiros foram mantidos trancados e sem informações por mais de meia-hora dentro de uma composição ferroviária na estação de Deodoro (sob um calor de 39°), os cidadãos ficaram revoltados com o tratamento e ainda sofreram uma forte repressão da polícia militar na Central do Brasil, quando vimos mulheres, crianças e idosos feridos e passando mal por consequência de artefatos utilizados pela PM, como balas de borracha e bombas de efeito moral. Sem falar dos ônibus extremamente quentes, abafados e superlotados.
Esses acontecimentos são apenas a ponta do iceberg, a mínima parte que a grande mídia corporativista, que trabalha a serviço do capital, resolveu noticiar. O dia a dia do cidadão carioca que necessita desse transporte para se locomover, que enfrenta dois ou três meios de locomoção e, que quase sempre, viaja amontoado em veículos absurdamente lotados, sob um calor descomunal, não ganha espaço nos noticiários. Esse sofrimento diário do trabalhador e do estudante não é noticiado na grande mídia, passa despercebido aos olhos da opinião pública. Quem paga é o povo.
Paga literalmente, e caro. A tarifa do transporte público no estado do Rio de Janeiro é a segunda mais alta do país (atrás apenas de São Paulo), os reajustes são frequentes e muitas vezes abusivos, como o recente e lastimoso aumento na tarifa das Barcas S/A, que passou de R$ 2,80 para R$ 4,50. Além disso, foi aprovado o repasse de verba pública para a empresa que administra o serviço aquaviário, disfarçado de investimento na compra de novas embarcações. Então o que justificaria o aumento? Eis a questão. O PCdoB/RJ reprovou esse abuso e votou contra o aumento da tarifa, através da deputada estadual Enfermeira Rejane.
Durante os últimos dias tivemos manifestações de protesto contra o reajuste abusivo, dezenas de pessoas participaram dos atos, entoando palavras de ordem e alertando a população sobre os constantes abusos. Entretanto, esses episódios não recebem a devida cobertura midiática e não conseguem atingir a grande massa da sociedade fluminense, dificultando a conscientização e a mobilização da população do Rio de Janeiro.
Enquanto os reajustes vão sendo executados e os investimentos não vão sendo satisfatórios, a grande mídia continua omitindo fatos. Quem sofre é o povo trabalhador.
* Por Bruno Ferrari