Jornalistas do Ceará conquistam aumento de 1,5% acima da inflação

Os jornalistas empregados em jornais, revistas e assessorias de imprensa do Ceará aprovaram a proposta de reajuste de 9% para os pisos e 8,89% para os demais salários da categoria. O reajuste é retroativo a setembro de 2011 e será pago pelas empresas de uma só vez, no contracheque de abril. A Convenção Coletiva foi assinada pelas partes no dia 20 de março.

Em assembleias realizadas nos três jornais cearenses – as primeiras por local de trabalho feitas nos últimos dez anos -, os trabalhadores decidiram aceitar a proposta patronal, com 61% dos votos a favor e 38% contrários, de um total de 160 votantes.

“Asseguramos 1,50% de ganho real para os pisos de impressos e assessores de imprensa, levando em conta a inflação de 7,39%. Para os demais salários, o poder de compra foi recuperado em 1,39% de ganho acima da inflação do período”, afirma a presidente em exercício do Sindjorce, Samira de Castro. Desta forma, o menor vencimento para jornalistas empregados em jornais e revistas passa a ser de R$ 1.486,89, para carga horária de cinco horas diárias de segunda a sábado. Já o piso de assessores de imprensa fica em R$ 2.597,90 – também retroativo a setembro de 2011.

Os trabalhadores devem ficar atentos aos seus contracheques, pois as diferenças serão calculadas sobre salários, férias, 13º, diárias de viagem e horas extras de setembro de 2011 a março de 2012. “Sabemos que não dá para resolver a situação dos jornalistas em apenas uma campanha salarial. O importante é que a categoria não teve pressa e acabou conquistando um ganho real superior aos 1,18% da campanha salarial anterior (2010/2011)”, comenta Samira.

“A participação dos jornalistas nas atividades do sindicato, como a manifestação da Sexta-feira 13, em frente à sede do Diário do Nordeste, e as faixas levantadas durante os desfiles do bloco de pré-carnaval Matou a Pau…ta serviram para mostrar à sociedade e ao patronato o quanto os jornalistas estavam insatisfeitos com as condições de trabalho e os salários”, acrescenta a presidente em exercício.

Radicalização da democracia

Integrante da comissão de negociação do Sindjorce, o diretor de Ação Sindical, Mirton Peixoto, destaca a forma democrática como a Campanha Salarial 2011/2012 foi conduzida: primeiro, com uma assembleia para a montagem da minuta – sob a consultoria técnica do Dieese e do escritório do advogado Carlos Chagas –, seguida de uma consulta à base para avaliação das contrapropostas patronais (na qual 83% da categoria disseram não ao reajuste de 7,39%), culminando com a realização das assembleias por local de trabalho para fechamento da campanha.

A iniciativa foi parabenizada pelos colegas de redação, que alegavam excesso de carga de trabalho, além de perseguição política, para o não comparecimento às assembleias no Sindjorce. “Vale destacar que também consultamos os colegas não sindicalizados, que tiveram direito a voz, com os votos contabilizados em separado”, diz a diretora de Administração e Finanças do Sindjorce, Déborah Lima, para quem as assembleias por local de trabalho representaram a “radicalização da democracia no sindicato”.

Fonte: Sindjorce