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Na periferia da Via Láctea

Por Ramos Sobrinho (Olinda, Pernambuco)

A Paz
passou hoje em silêncio,

escoltada por baionetas caladas
a caminho do exílio.

Sem passaporte de nenhum país,
pede refúgio num outro astro da galáxia.

Em escola,
num beco da fome,
nos manguezais invadidos, num hospital,
nos rios sugados,
transformados em pedra e sal,

caravanas das sombras continuam
seus trabalhos grotescos
sob efeitos da lavagem cerebral.

Mais um soldado louco,
branco, olhos azuis,
com uma lata reciclável de coca-cola,
um chiclete no amargo da boca
e um sanduíche na mochila,
fuzila mulheres e crianças
em mais uma de tantas guerras sórdidas.

A ditadura planetária se alastra
com seu visgo e sua baba,
neste março sem brilho.

Ramos Sobrinho – Olinda, Pernambuco