Publicado 13/04/2012 09:56 | Editado 04/03/2020 16:29
Hoje quero pedir licença para falar um pouco sobre aquela que me adotou quando eu era ainda praticamente um recém-nascido, vindo com Dona Chiquinha, minha mãe, de Teresina, no Piauí.
A Fortaleza que me acolheu no fim dos anos 1930 era ainda muito pequena, com cerca de 7% de sua população atual. Sua área ocupada ia pouco além do que hoje é o Centro. A economia dependia do comércio, com uma indústria muito incipiente.
Vivendo aos cuidados dessas duas mães, vi a cidade se desenvolver e ganhar milhões de novos moradores. Comecei a trabalhar ainda garoto, como menino de mandados, vendedor de açúcar, entregador de jornais, circulando pelas ruas de Fortaleza, conhecendo de perto o cotidiano do povo. Creio que por isso fui um dos seus eleitos, há quase 30 anos, quando ocupei pela primeira vez a tribuna da Câmara de Vereadores, para defender a população e lutar por liberdade em um Brasil ainda sob ditadura.
Passado tanto tempo, a cidade virou metrópole, com dois milhões e meio de moradores. E, ao completar 286 anos, hoje, 13 de abril, se vê diante de grandes desafios. A capital cearense receberá em breve mais que um evento esportivo, uma oportunidade de conquistar melhorias em emprego, geração de renda, serviços, infraestrutura, em uma herança positiva e permanente com a realização da Copa do Mundo de Futebol de 2014.
Mas, para isso, a cidade precisa entrar em sintonia com o impulso que vivem o Ceará e o Brasil. Os problemas atuais da capital cearense são causados, em sua maioria, pela falta de planejamento, pelo abandono de um olhar estratégico, capaz de antecipar soluções.
Fortaleza conta com muitas pessoas que podem contribuir na construção dessa visão mais ampla, unindo vários segmentos em prol da cidade e de sua gente, que merece e pode ter uma cidade melhor. Direito e dever de todos que, assim como eu, foram adotados por Fortaleza. Parabéns à nossa cidade.
*Chico Lopes é Deputado federal (PCdoB-CE)
Fonte: O Povo