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Evento analisa a cobertura brasileira de pautas internacionais

Entre as atividades da programação da 3º Semana de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), uma delas reuniu interessados na cobertura internacional, que sempre foi restrita e manipulada pelos veículos de massa, que fatiam a programação a partir de interesses econômicos no tabuleiro geopolítico. No entanto, o noticiário na internet vem colaborando para uma maior divulgação de fatos em países como na América Latina.

A mesa redonda Jornalismo Internacional aconteceu na primeira noite de debates da semana de jornalismo, na terça-feira (10), e teve como objetivo debater os desafios da cobertura jornalística de pautas internacionais.

Para compor a mesa, Ermanno Allegri, diretor executivo da Agência de Informação Frei Tito para América Latina (Adital), e João Bosco Monte, colunista do jornal O Povo e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor). Jawdat Abu-El-Haj, professor da UFC e cientista político, foi o mediador do debate.

João Bosco Monte defendeu a necessidade de exercitar mais a produção de pautas internacionais na faculdade de jornalismo. Para ele, é importante que os jornalistas tenham a capacidade de fazer comparações entre os fatos internacionais e a realidade local, fazendo com que os leitores sejam instigados a refletir como esses acontecimentos afetam o nosso cotidiano. Para exemplificar, o colunista de O Povo pediu para que a plateia citasse cinco pautas internacionais que tivessem em maior evidência no momento. Em seguida, fez um exercício de contextualização de cada temática, estimulando os presentes a pensarem como aquelas pautas interferem no dia-a-dia.

João Bosco enfatizou que o maior desafio da cobertura jornalística internacional é a identificação do tema a ser explorado. "É necessário escolher temas que são importantes para o leitor, e não para quem escreve”, afirma ele.

Ermanno Allegri contou a história da Adital, agência que se especializou na cobertura da temática latino-americana justamente por perceberem a carência de informações sobre a América Latina e Caribe na imprensa internacional.

"Nós passamos a levar para o mundo um tipo de informação que muitas vezes os meios de comunicação tradicionais não conhecem ou ignoram na sua divulgação”, explica ele. O diretor observa que o noticiário internacional não fala da América Latina com continuidade e profundidade, deixando de proporcionar aos leitores uma percepção do que acontece nesses países e conhecerem os diferentes tipos de cultura e economia.

Para rechear os textos, o estreitamento das relações com os grupos sociais organizados da sociedade foi fundamental. Depois de algum tempo, os movimentos sociais, que promovem uma democracia mais verdadeira e relações humanas mais justas, se tornaram as principais fontes para alimentar o conteúdo da agência,

A falta de interesse da grande mídia é apontada por Ermanno Allegri como fator principal da ausência da América Latina na pauta da mídia internacional. No entanto, ele acredita que a Internet tem proporcionado uma maior abertura à informação.

"Com a chegada da Internet esse desconhecimento começou a desaparecer, no sentido em que a Internet é uma ferramenta livre. Os interesses [econômicos] ainda existem, mas existem também os interesses de quem quer consolidar a relação entre os países”, avalia.

Para os três debatedores, é só conhecendo a pluralidade cultural e social dos diversos países que aprenderemos a respeitar as diferenças e eliminar a ignorância, que muitas vezes gera violência. É por isso que o jornalismo internacional requer mais atenção.

O mediador Jawdat Abu-El-Haj fez um panorama ressaltando que a cobertura internacional brasileira "é um pouco tímida, porque às vezes ela não está presente nos momentos corretos ou decisivos, mas melhorou muito nos últimos anos. Eu acho que está crescendo o interesse em conhecer novas regiões”.

Com Adital